Maquinas Paradas, Fotógrafos em Ação: a greve dos metalúrgicos do ABC pelo olhar de 10 fotojornalistas

1980 - A mais longa greve de metalúrgicos, no ABC, durou 41 dias e mudou a correlação de forças entre capital e trabalho. Durante aquela greve muito das relações entre patrões e empregados, governo e sociedade foram completamente modificadas. Depois dela o medo de enfrentar a ditadura deu lugar à força da solidadriedade operária.  Assembleia no estádio da V. Euclides. Foto de Eduardo Simões, para a Agencia F4.
1980 – A mais longa greve de metalúrgicos, no ABC, durou 41 dias e mudou a correlação de forças entre capital e trabalho. Durante aquela greve muito das relações entre patrões e empregados, governo e sociedade foram completamente modificadas. Depois dela o medo de enfrentar a ditadura deu lugar à força da solidadriedade operária. Assembleia no estádio da V. Euclides. Foto de Eduardo Simões, para a Agencia F4.

Era 1978, na época Luiz Inácio Lula da Silva ainda se consolidava como líder sindical no ABC. Os metalúrgicos, inconformados com a atual situação política e trabalhista do Brasil, resolveram, literalmente, parar as máquinas. Em um contexto de violência explícita pela ditadura militar, já desmoralizada por um regime insustentável, dez ousados fotógrafos, engajados na luta pela liberdade e democracia, passaram a viver ao lado dos manifestantes dirimente.

O fotógrafo Ennio Brauns, que foi um dos organizadores e curador do livro, conta que a cobertura das manifestações era uma forma de conciliar o trabalho com a militância. “Todos os fotógrafos tinham consciência do que estava acontecendo e se posicionavam contra o regime. Aquilo durou meses, um convívio diário. A proximidade ajudava no trabalho. Não era só uma questão de se posicionar bem em relação a foto, mas também de saber o que iria acontecer, estar bem informado”.

O cineasta e coordenador editorial do livro Adilson Ruiz conta que o projeto foi pensado como o roteiro de um filme, e pelas fotos selecionadas, pretende contar a história das greves metalúrgicas em São Paulo e ABC de 1978 a 1981. “Ao invés de dividir o livro em dez sessões com os fotógrafos, resolvemos criar uma narrativa e usar a fotografia dentro dela. Esses fotógrafos criaram uma narrativa alternativa à narrativa oficial que a mídia hegemônica trazia”

O livro foi publicado pela Fundação Perseu Abramo. Foram impressos 500 exemplares que serão distribuídos para universidades, bibliotecas e instituições e pesquisa. Para o Ruiz, a ideia é que a obra funcione como um instrumento de documentação e pesquisa “ A publicação do livro serve com um instrumento de pesquisa, principalmente aqui no Brasil, onde as pessoas costumam esquecer o passado de nosso País.

A segunda metade da década de 70 marcou o inicio da queda da ditadura militar e os movimentos sindicais e as greves retratadas no livro foram fundamentais para o fim do regime implantado em 1964  

Ennio destaca que os registros fotográficos dessa época são importantes para entender o que acontecia com o País naqueles anos.  Os dez fotógrafos são Eduardo Simões, Ennio Brauns, Hélio Campos Mello, Jesus Carlos, João Bittar, Juca Martins, Nair Benedicto, Ricardo Alves, Ricardo Giraldez e Rosa Gauditano.

 

 


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