A primeira greve geral começou sem grandes pretensões. Parecia mais uma das paralisações que se registravam no Brasil desde a década anterior. Era julho de 1917 quando os empregados da tecelagem Crespi, no Brás, em São Paulo, pediram aumento – e não levaram. O primeiro conflito entre operários e polícia aconteceu na porta da fábrica, no domingo 8 de julho.
No dia seguinte, novo incidente, dessa vez em frente à Antártica, também no Brás. Depois de quebrarem a carga de um caminhão (garrafas), os trabalhadores seguiram para a Tecelagem Mariângela, na mesma região. Lá, durante outro embate, acabou morto, aos 21 anos, o operário Jose Martinez. Foi o estopim para um movimento que parou São Paulo.
Pelo menos dez mil pessoas acompanharam os funerais de Martinez. Terminado o enterro, a multidão seguiu para a Praça da Sé, no centro da cidade, que se tornou palco de um concorrido comício de protesto. Naquela altura, o movimento grevista de inspiração anarquista começava a se espalhar pelo País, em especial pelo Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, o comércio fechou as portas depois que saques se generalizaram pela cidade. Ao cenário de carestia e escassez de víveres somaram-se barricadas e mais embates entre operários e forças de repressão. Enquanto isso, um Comitê de Defesa Proletária negociava com o governo as reivindicações: aumento de salários, proibição do trabalho de menores de 14 anos, jornada de trabalho de oito horas.
Aconteceu há apenas 100 anos, mas era isso mesmo: a jornada de trabalho girava em torno de 14 horas por dia, crianças trabalhavam nas oficinas dia e noite, não havia descanso semanal remunerado muito menos férias pagas. A greve de 1917 foi o primeiro passo para a conquista dos direitos trabalhistas, muitos deles agora em jogo.
Deixe um comentário