Literatura na periferia do império

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Sabe o que George Orwell, Jaymes Joyce e Oscar Wilde, mestres da literatura moderna, têm em comum? Todos escreviam na língua inglesa, mas nenhum deles nasceu na Inglaterra. Foi essa curiosidade que motivou mais um encontro da série Vila Brasileiros, evento organizado pela Brasileiros na Livraria da Vila com o objetivo de se trocar ideia sobre literatura. Na noite de quinta-feira a pauta foi a “Literatura inglesa na periferia do império”.

Na roda, a crítica literária, professora e escritora Noemi Jaffe, que é também colaboradora da Folha de São Paulo, e o escritor Leandro Sarmatz, editor da Companhia das Letras, que está na lista da Granta dos melhores escritores jovens brasileiros. Daniel Benevideseditor especial do caderno de literatura da Brasileiros, foi mais uma vez o mediador do animado bate papo.

Mas afinal, é possível explicar o fato curioso de que, na língua inglesa, os súditos da coroa que mais bem representaram a Rainha não nasceram nos arredores do Palácio de Buckingham? Para os três literatos sim, é possível. Daniel foi quem deu o pontapé inicial sinalizando que a pauta iria sofrer uma leve alteração, uma pequena licença poética, totalmente justificada. “O romance moderno nasce do isolamento do homem, talvez esse seja um dos motivos que explicam o fato dos centros não apresentarem um número tão abundante de grandes escritores”, ponderou.

Noemi Jaffe acrescentou: “Acho que a literatura de exílio tem esse caráter, e nesse contexto é possível encaixar essa questão, da literatura produzida nas colônias inglesas em relação á aquela feita na metrópole. Na metrópole é mais difícil o isolamento, é mais difícil a novidade também”.
 
Para Leandro Sarmatz, o isolamento pode significar uma reflexão prolífica. “Por que você vai escrever quando está feliz? Quando você está feliz, sai pro bar, vai para o parque… O ato de escrever normalmente é uma consequência da reflexão, que nos surge quando enfrentamos momentos complicados”, colocou. Noemi concordou, mas apontou que, como todas, essa regra também tem sua exceção. “São poucos, acho que a maior exceção foi Oswald de Andrade. Acho que a literatura em si envolve um certo grau de tristeza e até de sadismo”, brincou ela, sob um olhar de concordância de grande parte do público presente. 

O próximo Vila Brasileiros acontece no dia 23 de outubro, mais uma vez na Livraria da Vila, tendo como tema “amor e morte na literatura”.


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