Policial que matou ambulante é preso em SP

O soldado da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Henrique Bueno de Araújo, foi preso na manhã desta sexta-feira (19) no Presídio Militar Romão Gomes, indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar) logo depois de prestar depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), órgão da Polícia Civil, e menos de 24 horas depois de matar o comerciante de rua Carlos Augusto Muniz Braga, em uma operação contra a pirataria na região da Lapa, zona oeste da cidade, com um tiro na cabeça.

Em seu testemunho, Henrique afirmou que o tiro foi acidental e que ele se assustou quando o ambulante tentou tirar o spray de pimenta que estava na sua mão. A versão é contrastada por um novo vídeo publicado no Facebook que mostra que o policial, depois de apontar a pistola em várias direções, acertou o disparo na cabeça de Muniz quando ele tentava tirar o acessório da mão do PM. Na sequência das imagens, Carlos Augusto aparece no chão ensanguentado e com algumas pessoas desesperadas ao seu redor. Ele foi levado para o Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas, mas chegou morto ao local. Segundo a família, ele será enterrado no Piuaí, seu Estado natal. “A esposa dele está muito mal, sem explicação, a gente não tem palavras para dizer”, disse a tia Aparecida Muniz ao portal G1.

Os vídeos vão de encontro também com a versão policial divulgada na noite de quinta (18), dia da confusão: a polícia informou que, após a abordagem ao ambulante Isaías de Carvalho Brito por três policiais, um grupo começou a tentar tirá-lo das mãos dos soldados e a brigar com eles. Nas imagens, é claramente possível ver que os comerciantes não agrediram os policiais, mas tentaram afastar Isaías da abordagem. Ele também prestou depoimento nesta madrugada, foi liberado e preferiu não falar com a imprensa. Na saída do prédio da Polícia Civil, ao saber da morte do amigo, Brito se emocionou.

Uma das colegas de Carlos, a também ambulante Débora Aragão disse que ele não estava em horário de trabalho quando foi atingido. “Ele ia buscar o filho dele na escola, mas resolveu passar ali para ajudar o amigo dele, dizendo que o cara ‘era trabalhador’, que ‘era trabalhador’, e o policial atirou e matou”, contou na saída do DHPP, onde também prestou depoimento.

Segundo amigos, Carlos Augusto Muniz Braga, de 30 anos, vendia CDs e DVDs pirateados com sua esposa havia dez anos e era conhecido na região. De acordo com a Polícia Militar, Braga tinha passagens policiais por desacato a autoridade e agressão. A Secretaria de Segurança Pública afirmou, em nota, que “não compactua com desvio de conduta de policiais” e que “o caso será apurado pela Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil”.


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