OMS espera conter epidemia do ebola na África em três meses

Centro de tratamento de ebola em Monróvia, na Libéria. Foto: Morgana Wingard/ USAID
Centro de tratamento de ebola em Monróvia, na Libéria. Foto: Morgana Wingard/ USAID

O diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para África, Luís Sambo, afirmou nesta terça-feira (7) – em encontro em Portugal – que o surto de ebola “está se espalhando mais depressa”, mas admitiu a possibilidade de o problema ser controlado nos próximos três meses. “A epidemia já afetou um total de 7,5 mil pessoas, é difícil fazer previsões, mas pensamos que nos próximos 90 dias possamos inverter a tendência e, eventualmente, controlá-la. Mas são previsões e é muito difícil dar certezas ou estabelecer prazos com exatidão”, disse Sambo.

Ele participou nesta segunda-feira de uma conferência sobre o vírus ebola que atinge a África ocidental e que já chegou à Europa e aos EUA. A ministra da Saúde espanhola, Ana Mato, convocou nesta terça uma reunião de urgência com todos os responsáveis regionais de saúde para analisar a situação provocada pelo contágio com ebola de uma auxiliar de enfermagem em Madrid, capital do país. Foram chamados todos os diretores de saúde das regiões autônomas espanholas para discutir como está a situação, depois de constatado o primeiro caso de contágio com o vírus ebola fora de África.

A auxiliar da enfermagem espanhola está isolada no Hospital Carlos III, em Madrid, onde contraiu o vírus. Fontes médicas confirmaram que a enfermeira está com febre, mas “estável”. Ela está internada na mesma ala do hospital que atendeu aos dois missionários espanhóis que contrairam ebola na África e morreram semanas depois.

Responsáveis de saúde espanhóis informaram que cerca de 30 outras pessoas estão atualmente sob vigilância no país. Quatro delas, incluindo a auxiliar de enfermagem contagiada pelo vírus, estão atualmente isoladas e sob vigilância epidemiológica restrita no Hospital Carlos III: o marido da auxiliar – cujo exame deu resultado negativo num primeiro teste para a doença e não apresenta nenhum sintoma –, uma enfermeira e um paciente de nacionalidade nigeriana, ambos com sintomas.

A Comissão Europeia pediu explicações a Madrid sobre o que falhou para que a auxiliar fosse contaminada. Segundo adiantou o porta-voz da Comissão Europeia para a Saúde, Frédéric Vincent, Bruxelas “enviou uma mensagem ao Ministério da Saúde espanhol para obter esclarecimentos” sobre a falha no sistema de prevenção.

“É evidente que houve um problema”, salientou Vincent, ao acrescentar que a propagação do ebola na Europa “continua a ser altamente improvável”. Os governos nacionais aplicaram medidas preventivas – coordenadas por Bruxelas – para prevenir a entrada do vírus em território europeu, registando-se a primeira brecha na Espanha. Na quarta-feira (8), a reunião semanal do Comitê de Segurança Sanitária será dedicada ao caso espanhol, esperando a Comissão Europeia já ter, então, informação detalhada de Madrid.

O diretor do Hospital Carlos III, Rafael Perez Santamaria, admitiu que a situação causou “surpresa” e que a instituição mantém as investigações para determinar as circunstâncias do contágio. “É uma questão que nos apanhou de surpresa. Procuramos rever todos os protocolos estabelecidos, melhorar em tudo e sobretudo para evitar que alguém que teve contato desenvolva a doença.”

“Queremos evitar alarde. Estamos colaborando com a saúde pública, informando aos profissionais, à população e aos contatos sobre todo o processo. [Estamos] trabalhando para o melhor tratamento dessa paciente e para evitar a propagação da doença”, disse.

O coordenador da Unidade de Doenças Infecciosas, José Ramón Arribas, explicou que a paciente está sendo tratada com soro hiperimune de um doador anônimo, que foi contagiado pela doença e tem anticorpos, e com um antiviral experimental, testado em animais pequenos.

O responsável insistiu na mensagem de tranquilidade à população, recordando que em saúde não se pode falar em porcentagens, “porque não há um risco nem de 0% nem de 100%”. Ele destacou que os protocolos usados são os mesmos “que se aplicam sempre que há suspeitas” de ebola.

Com agências de notícias


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