O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, recebeu na manhã desta sexta-feira (10) o guineense Souleymane Bah, internado em Cascavel, no interior do Paraná, com suspeita de contaminação por ebola. O homem, proveniente de Guiné, tem 47 anos, chegou ao Brasil no dia 19 de setembro e começou a apresentar sintomas da doença 20 dias depois (prazo próximo ao considerado de incubação do vírus, que é de 21 dias, segundo a OMS). Até esta quinta (9), ele apresentava apenas um quadro febril.
O paciente foi transferido em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) até o Rio de Janeiro e uma ambulância do Serviço de Assistência Móvel de Urgência (Samu), juntamente com uma equipe do Corpo de Bombeiros acompanharam o homem da Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, até a unidade de saúde onde ele ficará internado.
O ministro da saúde brasileiro, Arthur Chioro, admitiu na manhã desta sexta-feira (10), que o homem pode estar contaminado com o vírus. “O mais importante é saber que dia ele saiu de Guiné, e isso aconteceu no dia 18, com uma escala no Marrocos. Portanto, há vinte dias. Os sintomas começaram na madrugada de quinta-feira, com tosse e febre. Por todas essas informações, ele se enquadra em um caso suspeito de ebola”, disse em entrevista coletiva.
Segundo o Ministério da Saúde, o homem entrou no Brasil pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e de lá viajou para o Paraná, onde teria entrado em contato com aproximadamente 100 pessoas, mas como está no período considerado de “incubação”, onde não há contaminação, tais pessoas não precisam fazer nenhum procedimento. Ainda de acordo com o Ministério, até o início da noite de ontem, estava subfebril e não apresentava hemorragia, vômitos ou quaisquer outros sintomas. Está em bom estado geral e, mantido em isolamento total.
A instituição já coletou material de Souleymane Bah e enviou para uma unidade do Instituto Fiocruz em Belém, no Pará. Segundo o professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edimilson Migowiski, embora o paciente não apresente todos os sinais de contágio da doença, o isolamento é necessário para evitar que o vírus se espalhe pelo país. “Frente a elevada letalidade do ebola tem que se pecar pelo excesso. Se o paciente veio de uma área com circulação do vírus e chega aqui, mesmo que seja com sinal brando, com febre baixa e quadro clínico não tão exuberante quanto o ebola costuma se manifestar, ainda assim, acho que todo o rigor deve ser feito, no sentido de limitar o contato desse paciente com outras pessoas e mantê-lo isolado até que o diagnóstico seja confirmado ou descartado”, informou. “Esse rigor da Saúde Pública para este caso me parece perfeito”, disse.
A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Cascavel (PR) – que atendeu o paciente na quinta-feira e que o isolou posteriormente – deve ser liberada para atendimento à população ainda nesta sexta-feira (10), de acordo com a prefeitura de Cascavel.A unidade deve passar por uma higienização total antes da reabertura.
Souleymane Bah
O africano Souleymane Bah é comerciante, nasceu no dia 1º de janeiro de 1967, tem o 1º grau completo e, de acordo com documento do Ministério da Justiça, fez o pedido de entrada no Brasil no dia 23 de setembro deste ano. Ele saiu da Guiné, passou por Marrocos, pela Argentina e de lá entrou no Brasil com destino a Cascavel. O homem pediu refúgio às autoridades brasileiras no dia 23 de setembro e, de acordo com documento expedido pela Coordenação Geral de Polícia de Imigração, poderá permanecer no país por um ano, quando expira o prazo de validade do documento emitido pela Polícia Federal.
O pedido de refúgio foi feito na delegacia da Polícia Federal em Dionísio Cerqueira (SC), na fronteira com a Argentina. A PF, em comunicado, afirma que “Souleymane não pode ser deportado em virtude de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. Conforme a Lei 9.474/1997, o documento assegura ao africano os mesmos direitos que qualquer estrangeiro em situação regular no Brasil e deve ser tratado sem discriminação de qualquer natureza”.
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