É a sua primeira entrevista. A menina de 21 anos não aparenta ser tão menina assim. Também, é um mulherão de 1,78 m de altura. Seus gestos são bem delineados, elegantes, como os de uma bailarina. Um cálice de vinho e ligamos o gravador.
Brasileiros – Malana?
Malana – Isso.
Brasileiros – De onde vem Malana?
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Malana – Esse nome eu recebi em uma das primeiras agências grandes que eu entrei… eu tinha um booker (agenciador de modelos) e ele resolveu me dar um nome mais…, não especial, vamos dizer, porque ele achava que eu era uma negra super-diferente por ser careca, exótica, então ele falou: Vamos procurar um nome legal pra você. Ele achou que Malana tem tudo a ver comigo.
Brasileiros – Mas esse nome veio…, você sabe a origem?
Malana – Ele é havaiano. Eu pesquisei na internet, é um nome havaiano, que significa luz exuberante.
Brasileiros – Você sempre foi careca?
Malana – Não.
Brasileiros – Quando é que você começou a ficar careca, começou a ser careca?
Malana – Eu cortei o cabelo já faz um ano, quase dois anos, um ano e nove meses, uma coisa assim.
Brasileiros – Por quê?
Malana – Eu cortei o cabelo porque sonhei que estava careca, fiquei superimpressionada. Depois disso, folheando uma revista, vi uma negra careca, uma top model cujo nome é Alec e aí eu me imaginei careca, falei: Poxa, que tal cortar o cabelo? Um dia, passeando com minha avó, a gente viu um cabeleireiro onde tinha uma promoção: cinco reais, corte seu cabelo, geralmente é cabelo masculino, nenhuma mulher entra lá e diz: passa a máquina. Eu peguei e falei: Ah vó, acho que eu quero cortar o cabelo. Porque eu tinha um black power, um cabelão grandão e tal.
Brasileiros – Radicalizou então.
Malana – Total, pro zero.
Brasileiros – Zero power.
Malana – É. E aí a gente entrou no cabeleireiro e eu sentei lá e pedi pra cortar. Quando eu me vi totalmente careca eu falei: Putz, acho que eu fiz besteira, porque eu me via praticamente com um corte masculino, você se olha no espelho e se vê careca de uma hora pra outra, é muito estranho.
Brasileiros – Então você cortou num barbeiro?
Malana – Isso, cortei em um barbeiro. O estranho foi todo o processo de corte, porque primeiro ele teve que vir com uma tesoura, cortar mecha por mecha, porque era muito cabelo…
Brasileiros – E por que você resolveu ser modelo? A tua mãe fazia o quê? Tua mãe, teu pai, como é que era, era todo mundo de São Paulo e tal?
Malana – Minha mãe era de São Paulo, ela trabalhou muito tempo como empregada doméstica em casa de família, tinha época que ela chegou a trabalhar em dois trabalhos, um de manhã e outro na parte da tarde, pegando a noite, aí ela ia pra escola e chegava em casa só altas horas da noite.
Brasileiros – Então ela trabalhava e estudava também?
Malana – Sim. Teve uma época que ela retornou aos estudos e conseguiu concluir. Minha avó se chama Maria Aparecida de Freitas, minha mãe se chamava Tânia Aparecida de Freitas.
Brasileiros – E você estudou legal?
Malana – Eu completei o terceiro ano do segundo grau.
Brasileiros – Até o terceiro deu pra estudar …
Malana – Sempre deu pra conciliar o trabalho com o estudo sim, o que eu colocava em primeiro lugar era o estudo.
Brasileiros – E você começou a trabalhar com quantos anos?
Malana – Na verdade bem verdadeira, eu comecei a trabalhar com 13 anos.
Brasileiros – Fazendo o quê?
Malana – Com 13 anos eu entregava folheto no farol. Todo final de semana, das oito da manhã até as seis da tarde. Com 14 anos eu consegui emprego numa distribuidora de folhetos, eu trabalhava de manhã e estudava de tarde.
Brasileiros – E tinha muitos irmãos?
Malana – São mais seis irmãos, comigo são sete.
Brasileiros – Família grande, sete filhos, sua mãe, teu pai…, seu pai é vivo também?
Malana – Meu pai é separado da minha mãe, se separaram quando eu era ainda muito criança, tanto que eu nem lembro quando foi e minha mãe sempre criou os filhos sozinha, com a ajuda da minha avó…
Brasileiros – Tua mãe morreu do quê? Morreu jovem.
Malana – É, morreu superjovem. A gente não sabe exatamente como foi.
Brasileiros – Por quê?
Malana – Primeiro ela começou a definhar assim de uma hora pra outra. Antes de morrer, ela começou a trabalhar como costureira. Depois foi ficando mal, foi perdendo a visão, começou a usar óculos… Minha mãe sempre foi cheia de vida, tanto que saía em escola de samba, ela quase teve meu irmão em uma passarela, desfilando em escola de samba. Minha mãe tinha um corpo incrível, tinha bunda, tinha peito. E de uma hora pra outra foi começando a definhar, definhar, começou a emagrecer. A gente foi fazer uns exames pra ver o que estava acontecendo e aí eles descobriram uma bactéria, mas não sabiam o que era essa bactéria, não sabiam dizer o que estava acontecendo e a gente ficava meio que perdido. Ela fez exame atrás de exame, foi piorando cada vez mais. Um dia ela teve duas paradas cardíacas em casa; estavam minha avó e minha madrinha com ela; elas ficaram superapavoradas, ligaram pro pessoal pra ir acudir e tal. Depois desse dia, ela chegou no hospital e ficou nove meses internada, não saiu mais da UTI e dentro desses nove meses aconteceram várias coisas. Teve que fazer traqueotomia, foi meio que vegetando de uma hora pra outra, o corpo já não respondia mais, não falava mais, ela tinha poucos movimentos, poucas respostas, até que acabou falecendo.
Brasileiros – E no atestado de óbito escreveram o quê? Porque alguma coisa tem que escrever né, falência múltipla dos órgãos…
Malana – Eu não sei te dizer isso, o que declaram da morte dela.
Brasileiros – Escute, e quando sua mãe ainda estava viva você já era modelo? A tua mãe já te viu modelo, o que ela achava, que futuro que ela queria pra você?
Malana – Não, quando minha mãe faleceu eu ainda estava bem lá no comecinho, eu passei por algumas agências muito pequenininhas, que só queriam que eu fizesse uma fotinho. Eu trabalhava como recepcionista. Uma vez, eu saí de um trabalho só pra pegar todos os meus benefícios, quer dizer, a empresa me mandou embora sabendo de todos os meus problemas, que minha mãe estava no hospital precisando da minha ajuda, eles me mandaram embora e me deram todos os benefícios para que eu pudesse ajudar.
Brasileiros – E a tua avó viu tua foto com a bunda de fora?
Malana – Ela viu, eu mostrei.
Brasileiros – E ela?
Malana – Ela sabe que o que eu faço é totalmente profissional, o que eu faço ela vê que não tem nenhum tipo de maldade.
Brasileiros – Mas ela achou bonito, o que ela achou?
Malana – Ela gostou, falou que eu estava superlinda. Ela gostou. Não só dessa foto, mas também de outras que eu já mostrei pra ela. Tanto que tem lá na minha casa várias fotos minhas, do meu trabalho.
Brasileiros – Bom, quem mais elogiou as suas fotos?
Malana – Muitas pessoas elogiaram minhas fotos, muitas pessoas mesmo. Desde as que eu não conheço, até as pessoas que eu conheço, no Orkut, no MSN, a galera dá parabéns e tal. A Luiza Brunet por exemplo; eu fui no São Paulo Fashion Week e depois do desfile fui dar uma entrevista e encontrei a Luiza Brunet, ela me parabenizou, disse que eu estava linda, que eu fui … como é que era? Ela falou: “Você foi uma das coisas mais bonitas que eu vi nos últimos tempos”. Falou do meu bumbum, que meu bumbum é lindo e não sei o que mais… brincou comigo. Uma atriz, a Cris Viana, também me parabenizou. A Virgínia Punco, que é uma ex-modelo, me encontrou no São Paulo Fashion Week, disse que eu estava linda e que estava torcendo por mim. Então, são pessoas importantes.
Brasileiros – E na passarela, o que aconteceu? Quando você estava desfilando, como é que você estava vendo? As pessoas olhavam, sorriam, gritavam? Como que era isso?
Malana – Eu fiquei sabendo que eu ia desfilar com aquele maiô quando eu fui fazer a prova de roupa pro desfile.
Brasileiros – Ah, é na hora?
Malana – Não, não é na hora. É um, dois dias antes. Fui fazer a prova de roupa e eles experimentaram várias roupas até eles se decidirem. Então eu não sabia, não tinha certeza se aquele maiô ia ser pra mim ou não, poderia ser que sim, poderia ser que não, porque eu experimentei várias roupas no dia. Meu booker falou: “Eu acho que essa vai ser sua e, se for, vai dar o que falar”.
Brasileiros – Mas e a reação, você viu alguma reação?
Malana – Sim, sim. Quando eu entrei, as pessoas pelas quais eu já tinha passado começaram a aplaudir e eu séria, mantive o foco, você tem que manter um foco em um lugar em linha reta e não podia olhar pro lado ou sorrir, eu fiquei emocionada, porque ter aplauso da plateia é muito difícil, a plateia esboçar alguma reação, ainda mais positiva, é difícil. E aí eu cheguei lá no pit, fiz minha parada e aí eu vi que o povo estava aprovando…
Brasileiros – Chegou aonde?
Malana – No pit.
Brasileiros – O que é pit?
Malana – É onde os fotógrafos ficam.
Brasileiros – Chama-se pit?
Malana – É. É na parada. O modelo faz uma parada, todo desfile tem uma parada ou às vezes não tem e aí se faz aquele contorno. E aí, quando eu passava, escutava algumas pessoas falando, “nossa, não sei o quê”, “olha que bunda, não sei o quê”. Dá pra escutar, a gente estava muito próximo da plateia. E eu escutava ohhhh, sabe? Eu tive que me manter séria, mas me deu vontade de sorrir de felicidade por ter uma reação positiva, mas como não podia, eu continuei e voltei, até que no final do desfile veio um monte de gente comentar comigo, falar: Nossa, você estava linda, você tem um bumbum espetacular e tal.
Brasileiros – Bom, então quer dizer que o comentário geral e tal foi sobre o bumbum.
Malana – Na verdade, foi o corpo em geral, por eu ter uma estrutura física bacana, dentro dos padrões e com um bumbum que foi considerado perfeito, sem celulite. Eu não sabia que ia dar essa repercussão.
Brasileiros – E você acha que esse desfile é o divisor de águas, quer dizer, agora a tua carreira já vai pra um outro patamar, é isso que você está sentindo?
Malana – É, esse desfile contou muito, quase vou dizer setenta por cento, porque os trinta por cento acho que foi o programa de que eu participei, o Brazil’s Next Top Model, onde tive uma boa divulgação, muitas pessoas me reconhecem em todo lugar, de repente em outros países, porque também assistiram, é um reality show internacional do canal Sony Entertainment Television.
Brasileiros – Quando você usava o cabelo black power era uma opção política ou era moda?
Malana – Não, não, quando eu usava black power, na verdade, antes do black power eu usava trança (canecalon) e aí era aquela coisa muito cansativa, eu mesma que trançava o cabelo, passava horas, tinha vezes que eu passava o dia inteiro trançando o meu próprio cabelo, então aquilo lá era muito cansativo. Aí eu resolvi deixar essas tranças de lado e assumi meu black power, meu próprio estilo.
Brasileiros – O fato de ser negra te ajudou como modelo pelo diferencial ou você acha que, por ser negra, tem menos chance ou tem menos destaque do que modelos brancas, do que Gisele Bündchen?
Malana – Ser negra, com certeza, me dá esse diferencial. Ser negra careca me deu um destaque um pouquinho maior do que as negras de black power, coisa que você pode ver em uma balada black, por exemplo, em que você vai ver vários black powers, várias pessoas com cabelão, com seu próprio estilo. Agora, uma negra careca vai ser um pouquinho mais difícil você achar assim nas ruas de São Paulo.
Brasileiros – Você já ouviu bookers dizerem, ‘ah, não quero negra e tal’, tem esse lance?
Malana – Na verdade, pra ser uma modelo você deveria ser boa, independente da cor da pele, do jeito do cabelo, cor de olho e etc., mas infelizmente não acontece exatamente isso. Se você não estiver dentro do padrão exigido, das medidas exigidas, lógico que isso dificulta bastante. Ser negra é mais difícil ainda porque a moda aqui no Brasil se espelha muito na moda europeia, naquela coisinha da pele clara, sabe? Dizem que a roupa cresce mais do que numa pele um pouco mais escura. Então, se conclui que o negro tem um desvalor, um valor menor no mercado do que a pessoa de pele branca, um pouco mais clara. Todos esses comentários sobre cotas, todo esse assunto, eu sou a favor por um lado. Por quê? Se o negro não tivesse essa cota de dez por cento, com certeza, dificilmente conseguiria entrar em algum desfile do São Paulo Fashion Week. Tem negras que estão aí há muito tempo, tentando, batalhando, conseguiram subir, ter um destaque, ter trabalho, aparecer na mídia, etc. Mas tem muitos modelos bons, negros, que estão tentando há muito tempo e não conseguem nada, não conseguem um espaço. Por outro lado, nesse assunto de cota, eu sou também contra porque vai surgir também muito oportunista, por exemplo: fulana se declara negra, não está dentro dos padrões, mas como a cota exige uma porcentagem, ela vai estar na passarela também.
Brasileiros – Você já viu booker recusar uma modelo por ser negra?
Malana – Acontece.
Brasileiros – Mas eles falam isso especificamente ou você fica sabendo?
Malana – Tem uns e outros… dá pra contar no dedo, eu acho, os que falam explicitamente na sua cara, deixam muito claro. Agora, tem outros que não falam na cara, você fica sabendo depois que fez o casting, o cliente não chega direto em você, já fala direto pra tua agência, ‘essa não’.
Brasileiros – Bom, isso acontecer no Brasil, com uma população negra tão grande é revoltante.
Malana – Quem diria né, o Brasil que tem essa mistura de raça….
Brasileiros – As negras não compram roupa como as brancas? Tem negras ricas também.
Malana – Sim, sim, sim. Graças a Deus eu acho que o negro está crescendo aqui no Brasil, acho não, o negro está crescendo, pelo menos você liga a televisão, você coloca em uma novela, tem negra que faz papel atualmente de madame, não é mais de empregada, porque tempos atrás negro só fazia papel de empregada, de mordomo, motorista, jardineiro.
Brasileiros – Na Europa também é assim? Talvez na Europa o negro tenha mais espaço que no Brasil.
Malana – Sim, porque é uma beleza diferente. Eles veem como uma beleza diferente, coisa que aqui no Brasil de repente eles não veem, aliás, muitas vezes não veem essa beleza.
Brasileiros – Quer dizer, é difícil mesmo pra negro…
Malana – Não é fácil não, até conquistar o espaço ali é muito difícil, a caminhada é muito longa.
Brasileiros – Quantas modelos negras chegaram ao estrelato e tal, você lembra?
Malana – No Brasil, temos negras sim, tem a Emanuela de Paula, que tem uma cor de pele clara, ela desfilou na Victoria’s Secret. Tem a Samira Carvalho, a Grace Carvalho, a Rojane também que é uma boa modelo.
Brasileiros – Já foram internacionais e tal?
Malana – Já foram internacionais, se deram bem e agora voltam ao Brasil pra fazer temporada e aí ficam lá fora um tempo. E tem as personagens que já são internacionais, como a cantora Grace Jones, que faz editoriais de moda e ganhou grande fama; a Naomi Campbel…Tem negras que conquistaram seu espaço, mas, entre muitas brancas, como Gisele Bündchen, Alessandra Ambrosio, há pouquíssimas negras, uma diferença muito grande.
Brasileiros – Entre as modelos tem o grupinho das brancas, a panelinha das brancas?
Malana – Ah, não, não. Acho que com as modelos é difícil porque está todo mundo ali, sofrendo, está todo mundo no mesmo barco.
Brasileiros – E você, aonde você quer chegar?
Malana – Eu quero chegar até onde Deus me permitir, quando ele falar está bom, aí eu paro. Mas eu quero continuar, quando Deus falar: Oh, esse é o teu limite…
Brasileiros – E vem cá, e Deus assim…, porque você está falando assim de Deus?
Malana – Porque depois do falecimento da minha mãe eu comecei a frequentar mais igreja, eu comecei a conversar mais com Deus, eu comecei a dedicar um pouco do meu tempo, um pouco da minha atenção também pra Deus. Às vezes você fica só naquela coisa, trabalho, trabalho, trabalho, eu preciso, preciso, preciso, Deus me ajuda, só pedindo, pedindo, pedindo, querendo, querendo, querendo, e nunca agradecendo, aí fica meio complicado. Então, depois do falecimento da minha mãe, eu comecei a me tocar disso, eu comecei a parar e conversar sabe, olha, eu quero isso, eu vou conseguir isso. É meio que uma conversa mesmo. Eu paro, às vezes, e tenho uma conversa com Deus. Eu falo de uma maneira e ele me responde de outra, é mais ou menos assim. Às vezes, de repente, ele me responde em pensamentos e tem vezes que eu estou muito aflita e então vou deitar, começo a conversar com Deus e de repente ele me traz uma resposta em pensamento ou em ações também, coisas que vão acontecendo assim na minha vida.
Brasileiros – E você acha assim que da sua infância pra agora, você foi melhorando a tua vida?
Malana – Sim, sim. Quando eu trabalhava entregando folhetos no farol, nem tinha 13 anos ainda, eu saía com minha avó pra pegar latinha na rua pra vender no dia seguinte. Já mexi em lixo pra pegar latinha e vender e hoje eu estou onde eu estou, ainda não cheguei lá, mas estou tendo reconhecimento, estou abrindo o meu espaço, estou conquistando o meu espaço.
Brasileiros – Quanto você ganhou para desfilar na São Paulo Fashion Week?
Malana – Na São Paulo Fashion Week eu ganhei um cachê de R$ 400.
Brasileiros – É o normal?
Malana – É o normal para uma new face, pra quem está começando.
Brasileiros – E quais são os patamares de cachê? Quatrocentos… e depois?
Malana – Ah, tem o A, o B e o C. O C é a new face, o B é uma modelo não top, mas que já tem um certo nome, já tem um trabalho, já é meio que conhecida, e o A que é pra uma top model, que já viajou, que já está ganhando horrores, que é conhecida, se você falar o nome dela as pessoas vão saber quem é.
Brasileiros – Depois de quatrocentos, vem qual?
Malana – Aí vem o de oitocentos… depois vem de dois mil pra cima… aí, dependendo da fama da modelo e de quem fez, já muda o cachê. É, só fiz um desfile. Mas também variam os valores de cachê, tem cliente que paga bem mais, tem cliente que paga bem menos, variam bastante os valores.
Brasileiros – Qual foi o teu maior cachê?
Malana – Foi o da Oi. Mas a campanha ainda não foi lançada.
Brasileiros – Fazer carreira internacional é tão importante para a modelo quanto para um jogador de futebol?
Malana – Se a modelo negra sair do Brasil, fizer uma carreira internacional e voltar pro Brasil, ela já vai estar em um patamar diferente. Ela já vai ter trabalhos internacionais para mostrar a um produtor aqui no Brasil, ó, eu fui pra Nova York, fui pra Milão, olha aqui os meus trabalhos, fui pra Paris, aí ela já é tratada diferente, vai ser vista: “Pô essa modelo trabalha, ela foi pra fora e trabalhou e aqui está o material dela, então essa aí é uma boa modelo e vai entrar no meu desfile”.
Brasileiros – Então é mais ou menos como futebol, o cara tem que ter jogado lá fora e tal…
Malana – Geralmente é assim.
Brasileiros – Você é uma jogadora de futebol.
Malana – É… preciso viajar pra fora, porque também é minha intenção, meu objetivo, é ir pra fora, fazer a carreira lá fora e depois voltar aqui pro Brasil e…
Brasileiros – O reality show da Sony já foi seu primeiro passo internacional. Vocês ficaram confinadas numa casa?
Malana – Isso, nós ficamos confinados durante um tempo com várias câmeras, então era controlado o dia todo…
Brasileiros – E você ganhou?
Malana – Não, fiquei em terceiro lugar. De 20 meninas eu fiquei em terceiro. Foi superdifícil. Nada neste mundo é fácil, ainda mais na carreira de modelo.
Brasileiros – No Brasil, apesar de não ser monarquia mais, temos reis e rainhas, tem o rei Roberto Carlos, tem o rei Pelé, é bom ter um negro como rei?
Malana – Que bom que ele é negro, pelo menos mostra que negro…
Brasileiros – Você vê algum problema no fato de Pelé só casar com loiras, pra você é um jeito de menosprezar as negras por exemplo?
Malana – Não sei. Pra mim é indiferente. Já tive namorado negro. Na verdade antes do meu atual namorado eu nunca tinha namorado um branco, então pra mim é indiferente a cor, eu não me apaixono por cor de pele, eu me apaixono pela pessoa, pela sua essência, aí que está a diferença.
Brasileiros – E o Pelé é um ídolo pra você? Um cara que realizou um sonho?
Malana – Profissionalmente sim, eu vejo ele como o Pelé, o rei, o máximo, o inesquecível Pelé; agora, pessoalmente, aí já tem algumas histórias, algumas situações que aconteceram que me magoaram.
Brasileiros – O que por exemplo, a história da filha?
Malana – É, a história de ele não assumir a filha, na-na-na, machuca né, é meio que incompreensível pra nós que estamos de fora da história.
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