Grafeno deve movimentar cerca de 1 trilhão na próxima década

Com propriedades superlativas, grafeno deve ser responsável pelas próximas revoluções tecnológicas
Com propriedades superlativas, grafeno deve ser responsável pelas próximas revoluções tecnológicas

Mais resistente que o diamante e ao mesmo tempo tão flexível como uma folha de borracha, o grafeno tem sido apontado como o centro das próximas revoluções tecnológicas, da mesma forma que o silício foi no início dos anos 2000.

Apesar de ter sido identificado ainda em 1930, o material era utilizado apenas para fins de baixa tecnologia, como a produção de grafite e lubrificantes. 

Foi somente de uns anos para cá que as possibilidades e expectitativas em relação ao grafeno passaram a entrar na pauta de projetos de inovação ambiciosos, quando em 2004, dois físicos russos Andre Geim e Konstantin Novoselov começaram uma série de experiências que demonstraram a versatilidade do material derivado do carbono. 

Geim e Novoselov isolaram o material em partículas cada vez menores até chegar a dimensões imperceptíveis a olho nu e dispuseram os átomos de carbono, densamente alinhados em forma hexagonal como numa folha de papel. Pelos estudos em grafeno, os dois físicos foram agraciados em 2010 com o Prêmio Nobel de Física.

Versatilidade e grandes expectativas

Suas propriedades fazem do grafeno um dos materiais mais promissores para as futuras inovações. Além de resistente e superfino – mais fino que um fio de cabelo -, o grafeno é melhor condutor de calor e eletricidade que o cobre e ainda resistente à corrosão.

Especialistas acreditam que ele poderá ser aplicado nas próximas gerações de produtos eletrônicos, como smartphones e televisores, além de beneficiar a indústria automobilística, aviões e até a área médica. 

Em abril deste ano, a coreana Samsung anunciou que descobriu um método para produzir grafeno em larga escala. Cientistas do Instituto de Tecnologia da Samsung afirmaram que conseguiram sintetizar um cristal do grafeno que permite reter sua carga ao longo de uma área maior. Os detalhes da pesquisa foram publicados na revista especializada Science. A expectativa é que tais descobertas podem levar à produção da folha de átomos de carbono a uma escala comercial ou industrial. 

Grafeno brasileiro 

Professor Eunézio Antonio de Souza, coordenador do MackGraphe é um dos palestrantes do Seminário Ciclo Inovação Brasileiros
Professor Eunézio Antonio de Souza, coordenador do MackGraphe é um dos palestrantes do Seminário Ciclo Inovação Brasileiros

O Brasil também tem concentrado esforços em relação ao grafeno. Desde o ano passado, a Universidade Presbiteriana Mackenzie por meio do Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno e Nanomateriais (MackGraphe) tem se dedicado ao tema. A expectativa é das melhores. 

Segundo Eunézio Antonio de Souza, doutor em Física pela Unicamp (Universidade de Campinas), coordenador do MackGraphe, as atividades do centro “estão em pleno andamento e com resultados muito bons e interessantes”. 

O centro contará com sede própria instalada nas dependências da universidade, que deve ser inaugurada em maio de 2015. “O objetivo não é realizar só pesquisas em grafeno, mas também em nanomateriais”, explica Souza. O centro terá três frentes: para aplicações em química, engenharia de materiais e fotônica.

“Temos a missão de fazer todas as nossas pesquisas com a visão de engenharia aplicada. Isso necessariamente significa que nós estamos tendo e vamos buscar cada vez mais uma forte interação com o setor produtivo e industrial. E, ao mesmo tempo, fazer pesquisas básicas e fundamentais”, explica.

Da mesma forma, o MackGraphe tem em sua vocação a formação educacional. “Nosso maior produto não são os papers ou as patentes que produzimos e sim os recursos humanos. Vamos formar alunos, profissionais nessas áreas de nanotecnologia e a formação se dá através da geração do conhecimento científico”. 

A equipe do Mackgraphe é formada atualmente por nove professores, no entanto, ela tende aumentar em breve. “Nossa equipe está aumentando, e ela precisa aumentar porque os desafios são muito grandes”, salienta. 

O centro também conta com parcerias e colaboração de outras universidades brasileiras, como a Unicamp e UFMG e fora do país, caso da Universidade Nacional de Cingapura, que possui o maior centro de pesquisas mundiais em grafeno; e o Centro de Pesquisa de Manchester, universidade onde os vencedores do Nobel atuam.  

“O grafeno é um material novo com propriedades superlativas e essas propriedades podem ser exploradas em diversos setores de aplicação industrial. E é esperado que na próxima década as tecnologias que envolvam o grafeno movimente um mercado de 1 trilhão. Eu acho que como brasileiro nós temos que ir atrás, buscar novas coisas que façam nosso país aparecer no cenário internacional, e aparecer para nós mesmos como um país capaz de gerar conhecimento, tecnologias e através disso gerar riquezas”, explica.

Souza é um dos palestrantes convidados da 4ª Edição do Seminário Ciclo Inovação: Metas e Desafios perante a concorrência Internacional, promovido pela Brasileiros Editora. Confira os outros palestrantes e participe. Faça sua inscrição gratuitamente.


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