Pedido de demissão em massa no Museu do Cinema de Moscou

Naum Kleiman, que pediu demissão do Museu Nacional de Cinema de Moscou. Foto: Divulgação
Naum Kleiman, que pediu demissão do Museu Nacional de Cinema de Moscou. Foto: Divulgação

A instituição que preserva o patrimônio cinematográfico russo está ameaçada, segundo os 22 funcionários do Museu Nacional de Cinema de Moscou, incluindo seu antigo diretor, Naum Kleiman, que se demitiram no dia 27 de outubro. As saída são apelos pela impossibilidade de prosseguir o trabalho com a nova gestão do museu.

Naum Kleiman, especialista no cinema de Eisenstein, soube em 2013 que suas atribuições como diretor do museu não seriam renovadas. Apesar dos cineastas Alexandre Sokurov e Quentin Tarantino terem protestado à época, o ministro da Cultura, Vladimir Medinski, nomeou Larissa Solonitsyna como nova diretora do museu. Até então, Larissa era chefe de redação do jornal SK Novosti, veículo da União dos Cineastas da Rússia. Já para Kleiman, diretor por 25 anos do museu, restou o cargo honorífico de presidente da instituição.

Com quase quatro meses da nova direção, Kleiman e sua equipe de conservadores, arquivistas e programadores, pediram demissão para a atual diretora, e escreveram ao ministro da cultura, Medinski, alegando incompetência, autoritarismo e falta de transparência de Larissa, além de demissões de funcionários sem uma explicação profissional. Nesse mesmo dia, a nova responsável começou a despedir outros funcionários: o ex-diretor, Kleiman, estava entre eles.

Solidariedade

A comunidade cinéfila endereçou uma carta aberta ao primeiro-ministro Dmitri Medvedev, assinada pelo cineasta irlandês Mark Cousins, a atriz inglesa Tilda Swinton e o diretor do Festival de Cannes e do Instituto Lumière, Thierry Frémaux, que pode ser lida no site da revista de cinema britânica Sight and Sound. Trata-se de um pedido de reconsideração da decisão de substituir a direção do museu que ressalta o trabalho de Naum Kleiman como estudioso do cinema russo.

A carta já recebeu quase 300 assinaturas, entre elas a dos brasileiros: Amir Labaki, fundador e diretor de É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, Luis Felipe Labaki, diretor e Fernanda Coelho, conservadora da Cinemateca Brasileira.

Além disso, outra carta aberta foi enviada a Medvedev, ao presidente Putin e ao ministro da Cultura, Medinski, nesta quarta-feira (11), com cerca de 180 signatários do Grupo de Trabalhos em Cinema e Televisão (parte da Associação de Estudos do leste europeu eslávico e eurásia) dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha e Rússia.


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