USP discute a importância da memória política brasileira

O presidente da República, general Costa e Silva, assume o poder, em 1967. Foto: Arquivo/Agência Senado
O presidente da República, general Costa e Silva, assume o poder, em 1967. Foto: Arquivo/Agência Senado

Dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, cerca de dois mil manifestantes descontentes com a vitória da petista se organizaram na Avenida Paulista, em São Paulo, para pedir o seu impeachment. Dentre outras bandeiras levantadas no protesto, houve quem clamasse pela volta dos militares ao poder. O Brasil viveu sob uma ditadura militar de 1964 a 1985, mas há quem parece não se lembrar do período tenebroso.

Nesse cenário, ganha especial importância o seminário Memória, Memoriais e o Futuro das Democracias, na Universidade de São Paulo, dos dias 12 a 14 de novembro. O seminário irá discutir os processos de preservação e luta pela memória política e social em diversos países do mundo.

O evento terá a coordenação do psicanalista Paulo Endo, membro da cátedra UNESCO/USP de Educação para Paz, Direitos Humanos e Tolerância, e Flavia Schilling, figura icônica da resistência à ditadura militar na América Latina. Filha de Paulo Schilling, jornalista e assessor do ex-governador Leonel Brizola, Flavia precisou sair do Brasil junto com a sua família após o golpe de 1964 e mudou-se para o Uruguai. Então estudante de Medicina, largou o curso para entrar no movimento de resistência ao regime de Juan Maria Bordaberry e ficou presa durante mais de sete anos. Libertada no dia 7 de abril de 1980, Flavia então retornou ao Brasil.

“Não existe a luta pela memória no Brasil. Esse é o único país da América Latina a não punir um único ditador. Temos somente um memorial da ditadura, que fica na Pinacoteca, em São Paulo. O Brasil passa pelos processos políticos de uma forma negociada, como se não houvesse o ‘intolerável’. Esse é um traço das nossas contendas políticas”, diz Endo. “A tortura foi admitida no passado, continua sendo hoje e será no futuro caso nada seja feito. A nossa polícia é a que mais mata no mundo”.

O seminário, que terá capacidade para 40 pessoas, acontecerá na sala de eventos do IEA (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo), na Rua da Praça do Relógio, em São Paulo. Interessados também poderão acompanhar a transmissão online do evento, por videoconferência, no auditório do 1º andar do Prédio da Biblioteca do Instituto de Psicologia da USP, na Avenida Professor Mello Moraes.

Confira a programação completa do evento:

12 de novembro
15h-18h – Evento no IEA com os organizadores, comissão e convidados estrangeiros.
Idioma: Inglês/Espanhol

19h – Mesa de abertura

Idioma: Português/Inglês

Memória, Memoriais e o Futuro das Democracias

Flavia Schilling – Profa Livre-Docente da Faculdade de Educação da USP;
Paulo Endo – Prof Dr do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da USP;
Sergio Adorno – Prof Titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e coordenador da Cátedra UNESCO de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância do IEA;
Zilda Iokoi – Profa Titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e coordenadora do Núcleo Diversitas de Estudos sobre as Diversidades, Direitos e Outras Legitimidades da Faculdade de Filosofia, Letras e Direitos Humanos da USP.

20h – Recital com a Camerata de Violões de Campinas

13 de novembro
Idioma: Português

10h – Mesa I
Memória das Mulheres: Corpo e Resistência
Coodenação: Flavia Schilling – Profa Livre-Docente da Faculdade de Direito da USP;
Janine Gomes da Silva – Profa da Universidade Federal de Santa Catarina;
Graciela Jorge – Secretaria de Direitos Humanos para o Passado Recente, da Presidência da República do Uruguai;
Susel Oliveira da Rosa – Profa da Universidade Federal da Paraíba.

15h – Mesa II
Memoria, História e Cultura do Testemunho
Coordenação: José Sergio de Carvalho – Prof da Faculdade de Educação da USP;
Janaína de Almeida Teles – Pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Social da USP, Diretora do Instituto de Estudos sobre a Violência de Estado (IEVE), Pós-doutoranda do Depto de História da USP;
Marcio Selligmann-Silva – Prof livre-docente do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas;
Katia Neves – Coordenadora do Memorial da Resistência de São Paulo.

14 de novembro
10h – Mesa III
Historia, Memória e Cultura
Coordenação: Belisário dos Santos Junior – Vice-Presidente da Comissão da Verdade da OAB; (a confirmar)
Deisy Ventura – Profa do Instituto de Relações Internacionais da USP;
Eduardo Bittar – Prof da Faculdade de Direito da USP.
José Antonio Vasconcelos – Prof da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

15h- Mesa IV
Idioma: Inglês/Espanhol
Memoriais, Arquivos e Democracias
Coordenação: Paulo Endo – Prof Dr do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da USP;
Lila Victoria Pastoriza – Diretora de Conteúdos do Ente Público que gestiona o Instituto Espacio para la Memoria – Escuela de Mecánica de la Armada (exESMA), Argentina;
Garth Stevens – Professor da University of the Witwatersrand, Coordenador do Apartheid Archive Project, África do Sul;
Umesh Lalloo Bawa – Professor da University of the Western Cape, África do Sul.

18h – Encerramento


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