Nascido em 1942, Paulo César Batista Faria, o Ministro do Samba segundo Batatinha, faz hoje 71 anos. Desde pequeno Paulinho teve contato com a música marginal de sua época, o samba, por causa de seu pai, Benedicto Cesar Ramos de Faria, violonista e integrante desde a primeira formação do lendário Época de Ouro, tido como o maior grupo de choro da história. Paulinho, ainda moleque, acompanhava diversas reuniões musicais de gala, as vezes em casa. Entre outros mestres, conviveu com Pixinguinha e Jacob do Bandolim.
A Voz do Morro – Roda de Samba (1965)
Em 1961, com 19 anos, consegue seu primeiro emprego numa agência bancária, centro do Rio. Durante um dia de trabalho, vê o poeta Hermínio Bello de Carvalho ser atendido. Se aproxima e puxa assunto, o fato é que já se conheciam de rodas de choro na casa de Jacob, essa relação aproximou Paulo de grandes compositores, fortalecendo seu envolvimento com a música e o desenvolvimento de suas obras pessoais. Nessa mesma época começou a tocar no Zicartola, lendário bar de samba no Rio de Janeiro, de Dona Zica e seu marido, ninguém mais que Cartola. Ainda no começo da carreira, Paulinho formou o grupo A Voz do Morro, ao lado de seus parceiros de samba e de estúdio, Oscar Bigode, Zé Ketti, Anescar do Salgueiro, Nelson Sargento, Elton Medeiros e Jair do Cavaquinho.
Paulinho da Viola e Elton Medeiros – Na Madrugada (1968)
No final de 1964, começo de 65, Paulinho integrou a escola de samba Portela, em pouco tempo chegou à ala de compositores. Em 66, é chamado para gravar o disco Na Madrugada, ao lado de Elton Medeiros. O disco conta com canções de sucesso como 14 Anos, Minhas Madrugadas, Recado, Jurar com Lágrimas, Rosa de Ouro e O Sol Nascerá, esta última de Elton Medeiros e Cartola. O disco tem, além de Paulinho e Elton, o poderoso violão de sete-cordas do Horondino Silva, o Dino, o cavaco do Canhoto, Copinha na flauta e Raul de Barros nos trombones. Tudo isso é somado a uma cozinha de gala, na época estreante, Gilberto, Luna, e Jorge revezando na percussão, além do coro feminino, recrutado no bloco carnavalesco Foliões de Botafogo.
Paulinho da Viola – Dança da Solidão (1972)
Ainda em 1968, Paulinho inscreve Coisas do Mundo, Minha Nega na I Bienal do Samba da TV Record, ficou em sexto lugar e foi defendida por Jair Rodrigues – como seu samba preferido. No ano seguinte, Paulinho venceu o último festival da TV Record com Sinal Fechado, além disso ganhou o primeiro lugar na Feira Mensal de MPB da TV Tupi com o samba Nada de Novo ao lado de Que Maravilha de Toquinho e Jorge Ben. Nessa mesma feira, lança o seu maior sucesso até hoje, Foi um Rio Que Passou em Minha Vida, o maior sucesso do ano de 1970. Dança da Solidão sai poucos anos depois, já conhecido no cenário nacional, Paulinho traz composições próprias como Guardei Minha Viola e Dança da Solidão, passa por clássicos como Acontece de Cartola, Falso Moralista de Nelson Sargento e Duas Horas da Manhã de Nelson Cavaquinho.
Paulinho da Viola – Zumbido (1979)
Durante os anos 1970, Paulinho produziu muito e lançou álbuns todos os anos, chegou a lançar dois discos num mesmo ano, normalmente com grande reconhecimento do público e da crítica. Zumbido é o décimo álbum da carreira, segundo entrevista concedida à Revista Música, em fevereiro de 1980, traz questões sociais como a fome e diversos elementos da cultura negra. A primeira música do álbum, Chico Brito, de Afonso Teixeira e Wilson Batista (1949), já apresenta essa notável relação dentro de sua música, com interação entre o samba do morro, a malandragem, e a sofisticação de seu violão com a sutileza de sua voz, é uma das primeiras músicas brasileiras que falou sobre o fumo de uma tal “erva do norte”.
Paulinho da Viola – Bebadosamba (1996)
Nos anos 1980 já era um músico consagrado, época em que o rock nacional ganhou muito espaço nas gravadoras, ofuscando um pouco o samba. Importante ressaltar a formação de uma nova geração de sambista, na mesma época, com Zeca Pagodinho, Almir Guinero e outros artistas. Diminuiu o ritmo, mas lançou alguns trabalhos nessa década, entre eles Prisma Luminoso (1983). Na década de 90 já é visto como um músico muito refinado, o que o afasta da massa, demorou seis anos para lançar Bebadosamba, disco extremamente bem reconhecido pelo público, que rendeu prêmios e o primeiro Disco de Ouro da carreira de Paulinho da Viola.
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