Diário da Política: Fim de Sarney, começo do Maranhão?

Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Flavio Dino, o novo governador, é uma boa surpresa Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Em que ou em quem o senador José Sarney pensava ao rabiscar, na semana passada, durante sessão do Senado Federal uma mulher nua numa folha de papel? Em uma nova personagem de mais um romance picante? Ou era apenas uma forma de passar o tempo à espera do encerramento de sua carreira política em dezembro deste ano?

Ninguém precisa ser pitonisa para adivinhar que ele está preocupado com o futuro de seu clã. Depois de doze anos de aliança com os governos Lula e Dilma, o PT não apoiou seu candidato ao governo do Maranhão e o derrotou no estado que era a fonte do seu poder. Quando digitou 45 em vez de 13 no segundo turno das eleições presidenciais não foi engano seu, mas um recado: ele não engoliu aquele sapo. No entanto, ele não tem do que reclamar. Ele se aliou ao PT; não foi o PT que se aliou a ele.

Ele se aliou ao PT como se aliou a todos os governos desde 1964: foi presidente do partido da ditadura, apoiou os generais Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo – menos no final, quando passou para as linhas inimigas – depois foi o pior presidente da República do século XX, levando o país aos píncaros da inflação e a seguir apoiou Fernando Henrique. Foi o maior vira-casaca e o maior adesista da história política desse país. Diante desse retrospecto, em que se vê claramente que ele nunca teve posição política própria e sim adotou alegremente a dos que chegaram ao poder em troca de pedaços ( não desprezíveis) de poder, não é de se estranhar que  o PT, ao saber que ele iria pendurar as chuteiras entendesse que a aliança tinha chegado ao fim.

 O PT não precisava mais dele (embora ele ainda precisasse do PT). A aliança – que foi benéfica para ele e para o PT – era com ele e não com Roseana. Sarney está preocupado com razão. O governador eleito do Maranhão promete. Tem pinta de craque. Vi uma entrevista sua ao IG. Flávio Dino me deu a impressão de ser um cara muito preparado, sereno, equilibrado e muito inteligente. E de esquerda – é do PC do B. Uma boa surpresa num estado que, dominado pelo clã Sarney há 50 anos, tem o pior IDH de todos os estados brasileiros.

Além de dar um baile em Sarney e aliados ele conseguiu unir em sua coligação o PT e o PSDB e vai governar com os dois partidos. Embora derrotado, o clã é uma grande força econômica e política no Maranhão e vai fazer de tudo para atrapalhar o Dino. Ele já está denunciando boicote na transição de governos – e isso é só o começo. Se ele conseguir governar o Maranhão, tanto ele quanto os maranhenses têm um belíssimo futuro.


Comentários

Uma resposta para “Diário da Política: Fim de Sarney, começo do Maranhão?”

  1. Nasci e vivo no estado do Pará, então afirmo que o Maranhão e o restante do país, não vai progredir, enquanto não se livrar do marxismo.
    Acabem com os partidos que defendem o marxismo-leninismo.
    O único caminho para o progresso é através do capitalismo, com um governo desburocratizado que incentive o empreendedorismo.
    Defenda o individualismo (isso não é ser egoísta) e a não-dependência de programas sociais.
    Não fiquem reféns de partidos. Diga não à concursos públicos e a cargos comissionados.
    Esta é uma parte do caminho à ser seguido para o progresso de todas as classes dentro do capitalismo

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