Samuel Klein era a cara do varejo popular no Brasil, assim como Girz Aronson, este morto em 2008. O senhor Klein foi por muito tempo adepto ao tradicional modo de vender, por meio de carnês. Somente em 2002 passou a aceitar cartões de crédito. Fiava-se na velha máxima de que, com o carnê, o cliente sempre voltaria à loja e se sentiria tentado a comprar mais alguma coisa. E tinha lá sua sabedoria para manter os níveis de inadimplência baixos: “pobre não dá calote; quem faz isso é rico”. Demorou para que as Casas Bahia aderisse ao e-commerce. Apenas em 2009 isso se deu.
A seu modo, apesar de afastado dos negócios, mas sempre com o valioso apoio do filho Michel, fez as Casas Bahia ter valor de US$ 420 milhões, em 2014, a sexta marca de varejo mais valiosa da América Latina e a segundo do Brasil, segundo o ranking “Best Retail Brands”, divulgado pela consultoria Interbrand.
No início dos negócios no Brasil, Klein se estabeleceu em São Caetano do Sul, onde tinha uma loja na tradicional rua Perrella, no centro da cidade. Minha mãe, Tida Pinheiro, foi professora de seu filho Saul em uma escola pública. Lembra-se com carinho da amizade com os Klein, que vira e mexe não cobravam por produtos por ela comprados na rua Perrella. Era bondoso, assim como o menino Saul. Sempre faltava água em São Caetano e Saul nunca deixou minha mãe carregar os baldes de água, pegos no vizinho.
Um dia, dona Chana, esposa de Samuel, voltou da Europa com uma bolsa de grife de presente para minha mãe. Havia um quê de generosidade nos Klein, que ficou gravado em minha família.
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