A versatilidade de Lanny Gordin, um guitar-hero à brasileira

O guitarrista Lanny Gordin empunha uma Giannnini Sonic (foto: arquivo pessoal / blog Quanta Lisergia)
O guitarrista Lanny Gordin empunha uma Giannnini Sonic (foto: arquivo pessoal / blog Quanta Lisergia)

Se ontem (27) foi dia de celebrar os 74 anos de Jimi Hendrix (leia reportagem), hoje quem merece reverências é o músico que melhor personifica no Brasil a figura do guitar-hero. Trata-se de Alexander Gordin, célebre no meio musical sob a alcunha de Lanny Gordin.

Nascido em 28 de novembro de 1951 em Xangai, na China, filho de pai russo e mãe polonesa, Lanny morou até os seis anos em Israel e depois veio com a família para o Brasil. Em 1964, seu pai, o empresário Alan Gordin, que também era pianista, abriu em sociedade com o amigo Hugo Landwenar, na Praça Roosevelt, centro de São Paulo, a boate Stardust. A casa noturna tornou-se célebre na boêmia paulistana e acolheu, no início da carreira, artistas como Heraldo do Monte, Hermeto Pascoal e Jair Rodrigues – foi, inclusive, na Stardust que o sambista lançou seu primeiro grande sucesso Deixa Isso Pra Lá, de Alberto Paz e Edson Menezes.

Aos 13 anos, inspirado pelo pai e pela efervescência musical da Stardust, Lanny começou os estudos de violão. Três anos mais tarde, em 1967, ele já dividia o palco da boate com Hermeto, empunhando uma guitarra elétrica. Além de atuar como músico de apoio para os cantores que lá se apresentavam, ele também ganhava experiência em jam-sessions inspiradas conduzidas por Hermeto. A alquimia entre Lanny e o mago alagoano era tamanha que, para driblar o Juizado de Menores e assegurar a parceria, Lanny, menor de idade, tinha um esconderijo fixo na Stardust para onde partia a cada nova averiguação.

A trajetória ímpar de Lanny Gordin na indústria fonográfica brasileira teve início em 1968 quando, ao lado de Hermeto e outros seis craques, ele integrou o grupo instrumental Brazilian Octopus (conheça a história do octeto). A partir daí, ele só fez espalhar sua fama de ás da guitarra e conquistou a reputação de curinga para ícones do tropicalismo como Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso e Jards Macalé.

Versátil, com um estilo singular, que amalgama tradições brasileiras –  samba, bossa nova, baião – e estrangeiras – jazz, soul, funk, rock – Lanny deixou sua marca em álbuns de artistas aparentemente díspares, como a dupla de sambistas baianos Antonio Carlos e Jocafi (saiba mais), o Tremendão Erasmo Carlos, a dupla Anamaria e Maurício, o compositor e humorista Arnaud Rodrigues, parceiro de Chico Anysio (saiba mais), e Rita Lee, em carreira solo.

Depois de um hiato de quase 40 anos ausente do mercado fonográfico, em consequência de uma esquizofrenia, em 2001, Lanny foi motivado a voltar a tocar e compor pelo amigo Luiz Calanca, proprietário do selo Baratos Afins. Astuto, sem que Lanny soubesse, Calanca foi registrando aos poucos os estudos de composições e ensaios do guitarrista. As gravações resultaram no primeiro álbum solo de Lanny, lançado pela Baratos Afins naquele mesmo ano.

A partir dos anos 2000, com um maior controle da esquizofrenia, a carreira do guitarrista foi retomada e ele segue a todo vapor, em apresentações solo e com o Lanny Trio.

Lanny Gordin reside, hoje, em São Paulo, com a mulher Maria Christina Zucchi (siga a página do músico no Facebook).

A seguir, para celebrar as 65 primaveras desse autêntico guitar-hero brasileiro, recomendamos dez canções e álbuns completos, que contaram com a participação luminar das seis cordas elétricas e acústicas de Lanny Gordin.     

Gilberto Gil – Cérebro Eletrônico (álbum completo)

Gal Costa – Cultura e Civilização (álbum completo)

Brazilian Octopus – Momento B/8 (álbum completo

Antonio Carlos e Jocafi – Quem Vem Lá (álbum completo)

Jards Macalé – Farinha do Desprezo  (álbum completo)

Arnaud Rodrigues – Murituri (álbum completo)

 
Anamaria e Maurício – Freio Aerodinâmico (álbum completo)

Erasmo Carlos – Dois Animais na Selva Suja da Rua (álbum completo

Rita Lee – Tempo Nublado (álbum completo)

Ouça também a íntegra de Lanny Gordin, primeiro álbum solo do guitarrista, lançado em 2001 pela Baratos Afins. 

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Comentários

2 respostas para “A versatilidade de Lanny Gordin, um guitar-hero à brasileira”

  1. Avatar de Bira Almeida
    Bira Almeida

    Lanny é um injustiçado. Sempre viajei em sua guitarra endiabrada. Salve meu irmão Lanny!

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