Cineasta português Manoel de Oliveira completa 106 anos

Uma carreira que abarca desde o cinema mudo até o digital é para poucos. Manoel de Oliveira completa 106 anos, nesta quinta-feira (11), com mais de 50 filmes rodados e que marcaram a história do cinema e do imaginário português.

Seu primeiro filme é de 1931, o documentário mudo Douro, Faina Fluvial sobre sua cidade natal, o Porto. Depois, vieram os longas ficcionais Aniki-Bobó (1942), Ato da Primavera (1963), Amor de Perdição (1978), Os Canibais (1988), O Convento (1995), Singularidades de uma Rapariga Loura (2009) e tantos outros.

Sua obra prioriza o discurso sobre a encenação, a câmera por vezes estática, apenas se movimenta quando deseja revelar um determinado objeto ou atitudes corporais de quem tem a palavra. Além de transitar entre o não diálogo e o monólogo palavroso, o diretor criou um estilo cinematográfico próprio e puro.

Não por acaso, o diretor já recebeu homenagens de importantes festivais de cinema, como Cannes, Locarno e Veneza.

Além disso, Oliveira é daqueles diretores que gosta de manter uma colaboração regular com certos atores. Seus preferidos são: Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória, Rogério Samora, Miguel Guilherme, Isabel Ruth e, mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trêpa. Ele também já trabalhou com os ator brasileiro Lima Duarte, no filme Palavra e Utopia (2000), que conta a história do Padre Antônio Vieira.

Em 1982, Oliveira filmou um documentário autobiográfico, intitulado A Visita – Memórias e confissões. No entanto, só será exibido após a sua morte, por desejo do próprio diretor.

Mostra de Cinema de SP

Os filmes de Manoel de Oliveira integraram a programação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo desde 1978, ano em que era exibido o longa Amor de Perdição, baseado na obra homônima de Camilo Castelo Branco. Isso porque o fundador da Mostra, Leon Cakoff, falecido há 3 anos, era muito próximo e admirador da obra e do cineasta.

O mais recente trabalho de Oliveira, o curta-metragem, O Velho do Restelo, também esteve presente na edição deste ano da Mostra. O filme trata do encontro entre quatro grandes figuras da península Ibérica: os escritores portugueses Luís de Camões, Camilo Castelo Branco e Teixeira de Pascoaes e o personagem Dom Quixote de la Mancha, do espanhol Miguel de Cervantes.

Eles divagam entre o passado e o presente, ilusões e glórias, que muito tem a ver com a história de vida de mais de um século vivida por Manoel de Oliveira.

O VELHO DO RESTELO [THE OLD MAN OF BELEM] from O SOM E A FÚRIA on Vimeo.


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