Onda progressista faz América Latina reeleger presidentes

A presidenta Dilma Rousseff - Foto: Roberto Stuckert Filho/Fotos públicas (06.12.2014)
A presidenta Dilma Rousseff – Foto: Roberto Stuckert Filho/Fotos públicas (06.12.2014)

O ano de 2014 ficará marcado na história da política latino-americana como o ano em que os ex-presidentes voltaram ao poder. De acordo com especialistas consultados pela Ansa, esta deve ser a nova tendência da região, a qual pode culminar com o especulado retorno de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018. 

Após quatro anos afastada, a chilena Michelle Bachelet reassumiu o Palácio La Moneda em março, exatamente nove meses antes dos uruguaios escolherem, nas urnas, o regresso de Tabaré Vázquez.

Nesse meio tempo, os brasileiros também optaram pela permanência de Dilma Rousseff na Presidência, assim como os bolivianos, com Evo Morales, e os colombianos, com Juan Manuel Santos.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Igor Fuser, os resultados das urnas expressam uma tendência na América Latina impulsionada pela era progressista iniciada com Hugo Chávez, na Venezuela. “Essas eleições fazem parte de um longo ciclo de governos progressistas, que se iniciou com a primeira eleição de Hugo Chávez, em dezembro de 1998, e se mantém constante em um grande número de países sul-americanos, com sucessivas vitórias de candidatos de esquerda ou centro-esquerda”, disse o especialista. 

Fuser apontou como motivo principal das reeleições a ânsia de populações majoritariamente de classes trabalhadoras por mudanças sociais. “O fracasso do neoliberalismo, no final da década de 1990, abriu caminho para esse novo ciclo, que se mantém até hoje, apesar do desgaste dos governos progressistas em vários países, como Venezuela, Argentina e Brasil, e dos impasses que impedem o aprofundamento dessa tendência em direção a reformas estruturais capazes de mudar radicalmente a distribuição do poder e da riqueza”, ressaltou. 

Caso se firme, a nova tendência latino-americana poderá restituir a faixa presidencial a Lula, que deixou o governo com aprovação superior a 87%.

“No Brasil, a volta de Lula é uma possibilidade óbvia, como candidato tido como natural no PT ao final do segundo mandato de Dilma e na ausência de qualquer outro nome capaz de pleitear a candidatura com alguma chance”, disse o especialista. 

Apesar de não ter declarado oficialmente se será candidato em 2018, uma ala do PT apoia o retorno de Lula. O partido já teria planos para que o ex-mandatário apareça cada vez mais durante o novo governo Dilma Rousseff para conquistar eleitorado.


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