Uma reunião de emergência sobre a situação do rublo, a moeda russa, foi convocada nesta quarta-feira (17) pelo primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, em sua residência em Gorki. Foram convidados ministros que atuam nas áreas políticas e financeiras, a presidente do Banco Central, Elvira Nabiullini, representantes das autoridades fiscais e dirigentes das maiores empresas de energia russas.
Antes do encontro, o premier destacou que “o rublo é subestimado hoje” e seu câmbio “não reflete a atual situação da economia”, destacando que o governo “não irá impor uma regulação extremamente rígida nessa esfera”. Segundo Medvedev, a Rússia “tem as reservas necessárias para conseguir cumprir todos os objetivos econômicos e políticos”.
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Nesta quarta-feira (17), a moeda bateu recordes históricos sendo negociada por US$ 100 e 80 euros por rublo – a maior desvalorização desde a quebra da economia do país em 1998. A queda ocorreu mesmo com a intervenção do governo, que injetou US$ 5,5 bilhões para equilibrar o mercado. Ao todo, no ano, a Rússia já injetou US$ 82 bilhões no mercado e o Ministério das Finanças anunciou que está vendendo o restante acumulado de moeda estrangeira para segurar o valor do rublo também hoje. Até o momento, a medida está surtindo efeito e a moeda estabilizou.
Na segunda-feira (15), o Banco Central do país aumentou a taxa básica de juros de 10,5% para 17%. No início do ano, a taxa estava em 5,5%. Apesar da situação tensa, o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, afirmou que o presidente, Vladimir Putin, não fará “nenhuma declaração especial” nesta quarta-feira. A situação econômica da Rússia está sendo duramente afetada pelas constantes sanções dos Estados Unidos e da União Europeia desde a anexação da Crimeia, que pertencia à Ucrânia, e ao atual fornecimento de armas para o interminável conflito em Donetsk e Lugansk. Ambas as regiões também querem se separar da Ucrânia para se unir aos russos.
Além disso, a queda no preço do petróleo e a queda econômica dos países emergentes também afetam o país. A pouca diversificação da Rússia – onde cerca de 50% da renda vem da venda do petróleo – também acaba comprometendo o desempenho do país nos mercados.
Desaceleração causa pânico na população
Uma memória da época soviética foi vista nesta terça-feira (16) nos centros comerciais de Moscou. Para que seu dinheiro não perdesse valor rapidamente, muitas pessoas se dirigiram aos shopping centers para comprar mantimentos e produtos em geral. Algumas pessoas chegaram a esperar cinco horas nas filas para entrar nos estabelecimentos.
Segundo o jornal Vedomosti, os grandes distribuidores de carros estrangeiros suspenderam o fornecimento às concessionárias que, por sua vez, congelaram as vendas de veículos novos.
A Apple também anunciou a suspensão das vendas online de seus produtos por causa da queda do rublo. “Por culpa das flutuações extremas do valor do rublo, o nosso negócio online na Rússia não está disponível no momento enquanto revemos nossos preços. Pedimos desculpas aos nossos clientes pelo transtorno”, informou em nota a empresa norte-americana.
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