Estou escrevendo enquanto ouço o noticiário da televisão e tento, juntamente com os repórteres que estão em Paris, entender o que está acontecendo. Nenhum deles, todos correspondentes experientes, jamais tinha visto uma situação igual. Primeiro, dois homens encapuzados invadem a reunião de pauta de um jornal de humor e matam todos que vêm pela frente, mas especialmente os cartunistas. Depois, próximo a uma escola judaica, outros encapuzados (não se sabe se um ou dois) atiram em dois policiais e matam uma. Hoje, os primeiros encapuzados estão cercados pela polícia nas proximidades de Paris, mas eles têm um (ou uma) refém. A 60 quilômetros dali, outros encapuzados, provavelmente um homem e uma mulher, invadiram um mercadinho de comida judaica e mantêm clientes e empregados sequestrados. Mais de 100 mil policiais estão em ação para tentar deter e prender os quatro terroristas (até onde se sabe) que estão espalhando o terror em Paris, com repercussão em toda a França e em toda a Europa. Está ficando claro que o ataque ao Charlie Hebdo não foi um ato isolado, faz parte de uma ação maior e orquestrada e que tem um nítido viés antissemita. O mais desconcertante e desolador é que quando esses terroristas forem encontrados, vivos ou mortos, em pouco ajudarão a esclarecer a respeito de suas organizações. Se presos vivos, ficarão calados para sempre. Se forem mortos, levarão para o túmulo seus segredos. O que a polícia francesa garante é que, vivos ou mortos, irá apanhá-los.
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