Economista cria termo precariado para explicar classe pós-proletariado

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Foto: Reprodução

Guy Standing é PhD pela Universidade de Cambridge, professor de Estudos do Desenvolvimento, da Escola de Estudos Oriental e Africano da Universidade de Londres, e ex-diretor da Organização Internacional do Trabalho. No livro O Precariado: a Nova Classe Perigosa, ele inventa um neologismo, “precariado” (precariat, em inglês), para sintetizar a dupla condição de proletários e precários dessa parcela da população.

Tais pessoas, que não se sentem representadas, ocupam ruas e praças de metrópoles mundiais, muitas vezes com reivindicações difusas, ou nenhuma reivindicação. Trata-se do pós-proletariado, classe que se sente perdendo seus direitos culturais, civis, sociais, políticos e econômicos.

No livro, ele explica a perda de direitos. Um motivo é a globalização; outro nasce das estratégias econômicas neoliberais. Em função da crise internacional, muitos profissionais não têm emprego em suas áreas de especialização e trabalham em funções em que não podem aplicar o seu conhecimento.

O novo estrato foi gerado na mais recente crise da sociedade capitalista, em que apenas 1% da população está no topo da sociedade. A seguir, estão os assalariados, de certa forma com boa renda. Paralelamente, surgem os empreendedores, os donos de start-ups. Abaixo, está o proletariado clássico, que tem emprego estável e é representado por sindicatos. Por fim, há os precariados, que tanto os movimentos sindicais como os governos têm dificuldade de compreender e atender à sua insatisfação.

Entre as características dessa nova classe, destacam-se: seus integrantes costumam ter empregos casuais, o que não permite a eles ter uma narrativa pessoal. Também fazem muitas coisas pelas quais não são remuneradas: preparam  curriculum vitae, perdem horas à procura de emprego, em preenchimento de formulários, e vivem em cursos de requalificação profissional, muitas vezes inócuos.

A consequência política desse fenômeno é que essa camada da população é uma presa fácil de partidos ou governos fascistas e populistas, que se aproveitam da sua insegurança e de seus medos.

Para o economista, os partidos políticos progressistas e os sindicatos ainda não entenderam o pós-proletariado, que não quer voltar a ser proletariado.

Segundo sua avaliação, a esquerda parece ter esquecido a necessidade uma nova transformação em direção à maior igualdade e liberdade e os sindicatos hoje são vistos como algo para proteger privilegiados.

Os bens almejados hoje, além do emprego, são segurança, controle do próprio  tempo e conquista de espaços públicos de qualidade, como parques e museus. Por fim, essas pessoas querem educação de ponta e conhecimento financeiro, para melhor lidar com a renda e o crédito.

Em tempo, o livro de Standing, indiretamente, ajuda a melhor assimilar as jornadas de junho de 2013 no Brasil. Os sinais de inquietação ainda se fazem sentir em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, entre tantas cidades brasileiras.


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