Ex-esposa de Nisman não acredita em suicídio do procurador

Um pelotão da Polícia Federal argentina amanheceu nesta quarta-feira (21) fortalecendo as barreiras metálicas que separam a Plaza de Mayo da Casa Rosada, sede do governo do país, no centro de Buenos Aires, depois do protesto que reuniu milhares de pessoas em diferentes pontos da cidade na noite desta terça-feira (20) pela morte suspeita do procurador Alberto Nisman. Segundo a imprensa local, em vários momentos da manifestação, a presidente Cristina
Kirchner, foi chamada de “assassina”, além de cartazes que diziam “Nós somos Nisman”. Foi o maior ato público desde que o procurador foi encontrado no domingo (18), em Puerto Madero, bairro de classe média da capital argentina, com um tiro na cabeça.

Nisman, de 51 anos, iria apresentar as provas finais de sua investigação, onde acusava a presidente Cristina Kirchner, o chanceler Hector Timerman e outros funcionários do governo de encobrir os autores do atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994. Segundo o procurador, eles negociaram um acordo com o Irã para que os acusados do ataque – que são iranianos – não fossem investigados, facilitando, assim, uma troca comercial de petróleo e produtos agrícolas entre os dois países.

Desde a morte de Nisman, a suspeita cai sobre o governo argentino, que poderia ser fortemente abalado com as acusações do procurador. No entanto, as acusações são dúbias. Nesta quarta-feira, os peritos farão um novo teste para tentar facilitar a investigação: atirar com a mesma pistola Bersa calibre 22 encontrada ao lado do corpo para saber se a arma deixa resíduos na mão de quem a manuseia. Na terça, os primeiros exames feitos nas mãos de Nisman mostraram que ele não tinha pólvora, bário e nem chumbo na pele, o que provaria que ele não atirou contra si próprio. “Vamos fazer exames de DNA sobre o material presente no local do crime e coletar o sangue que estava no ambiene para saber se pertence apenas ao procurador Alberto Nisman ou se outras pessoas estiveram ali”, disse a investigadora Viviana Fein, que está cuidando do caso.

Nesta terça, outro testemunho foi contra a suposição de que Alberto Nisman se suicidou: a ex-esposa do procurador, Sandra Elizabeth Arroyo, afirmou à imprensa que não acredita nesta hipótese. “Não posso fazer nenhum tipo de especulação. Existe uma investigação em curso que temos que respeitar e deixar que a Justiça atue”, disse. Em seguida, perguntada se acreditava que o seu ex-marido fosse capaz de se matar, ela respondeu secamente: “não!”.

O Clarín, diário de oposição a Cristina, publicou nesta quarta-feira que o corpo de Alberto Nisman ainda não tem prazo para ser liberado à família para o sepultamento. “Até que termine a autópsia e a gente assista os vídeos devidamente, continuaremos com o corpo”, disse Viviana. Também nesta quarta-feira, o ministro da Segurança da Argentina, Sérgio Berni, confirmou, em entrevista a um canal de televisão, que chegou ao apartamento de Nisman antes das autoridades judiciais “para assegurar que ninguém entrasse nem tocasse em nada”. “Minha principal preocupação era ver se ele estava com vida. Não entrei no banheiro e não deixei que ninguém entrasse. Fiquei observando. A mãe dele começou a supor que ele estava morto, e neste momento, eu ainda lhe disse: ‘Se fosse um parente meu eu ficava maluco, colocava esta porta abaixo’”, disse. “Os primeiros que entraram no apartamento foi a mãe dele com um menbro da equipe de Nisma. Quando viram a porta do banheiro aberta, com a luz ligada, esperaram. A polícia tentou entrar, mas o corpo travava a porta”, completou. Depois da entrevista, a deputada Patricia Bullrich afirmou que vai chamar Berni ao Congresso para depor, porque ele “excedeu” suas funções.


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