Um sonho. Pode ser o mais simples: comer o melhor brigadeiro do mundo. Ou quase que impossível: encontrar a outra metade da laranja. Todos temos. Sonhar acordado, rezar, fazer mandiga, realizar. Ambrosina, a personagem principal, de A moça da cidade possui um labirinto de sonhos: vir ao Rio, entrar na escola, ser aceita, se apaixonar, achar o príncipe encantado… E não para. E vai persegue, não sai como ela quer, mas continua.
O texto, do dramaturgo sul mato-grossense Anderson Bosh, marca a estréia de Rodrigo Pandolfo na direção. Uma trama aparentemente simples: um programa de radio-teatro encena as aventuras de Ambrosina(Lu Camy), uma jovem nordestina quem vem tentar a vida no Rio de Janeiro dos anos 1940. Ao chegar à Cidade Maravilhosa, ela conhece Dona Rosa (Victor Varandas), proprietária da pensão onde se hospeda, e Leitinho (Gabriel Delfino Marques), o hóspede do quarto ao lado que irá nutrir uma paixão avassaladora por Ambrosina.
Ao utilizar o recurso da metalinguagem – uma história contada por outra história, a dobra aparente permite que o ponto de vista do observador seja exercido pela plateia e com isso o espetáculo só cresce. A escolha do cenário, recursos vocais, vocabulário muito próximos do que se praticava nas décadas de 40 e 50 permite mais do que o agradável revival: pode-se entender que a questão da procura não depende nem de época e nem de quem procura. Faz parte do nosso permanente show.
A química entre os atores funciona, pois Ambrosina tem sotaque nordestino, Dona Rosa uma portunhol genuinamente paraguaio e Leitinho carrega na voz a sua fragilidade perante à vida. E com isso, torcemos e nos identificamos com os três. Para evidenciar que temos é que desvendar os sonhos, trazê-los para a realidade, os efeitos de sonoplastia são realizados ao vivo. Ao mesmo tempo, as projeções mostram os ambientes como são. E as músicas que, funcionam como subtexto, são sucessos da época em que se passa ação.
A direção musical é de Marcelo Alonso Neves. O cenário é do arquiteto e cenógrafo Miguel Pinto Guimarães, o figurino de Bruno Perlatto, a luz de Tomas Ribas e a preparação corporal de Ana Achcar.
O que se vê é o resultado do trabalho de idealização de Rodrigo Pandolfo, Lu Camy e Victor Varandas que de forma simples, contam uma história de gente simples e linear. O tom de comédia só se encontra na encenação. E por isso, o drama dos personagens tal qual o nosso drama- nadar, nadar e morrer na praia – acaba por ser uma mensagem de que o importante é sonhar, sem medo de ser feliz.
Anel chuveiro de turquesas
Serviço:
LOCAL: Teatro do Leblon – Sala Fernanda Montenegro
HORÁRIO ALTERNATIVO: 3ªs, 4ªs e 5ªs às 21h
DURAÇÃO: 60 min
GÊNERO: Comédia
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: Livre
INGRESSOS: R$60,00 e R$30,00 (meia entrada)
TEMPORADA: até 12 de março
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