Sal da Terra é um daqueles filmes bons para serem vistos no cinema. Entre depoimentos e imagens do fotógrafo em campo, diversas fotografias de Sebastião Salgado ajudam a contar a história e entender melhor a trajetória profissional, militante e artística do brasileiro. E, se trilha sonora boa é aquela que “não se ouve”, não há motivo nenhum para criticar esse elemento do longa.
Com indicação para o Oscar de 2015, na categoria Melhor Documentário (Saiba mais), o filme foi dirigido pelo filho do fotógrafo, Juliano Ribeiro Salgado, e o alemão Wim Wenders, dono de uma filmografia documental prestigiada, com títulos como o emocionante Buena Vista Social Clube (1999) e Pina (2011).
O longa é uma coprodução de Brasil, França e Itália, foi premiado no renomado Festival de Cannes e teve sua primeira exibição em solo nacional na abertura do Festival do Rio 2014. Chega às salas de cinema brasileiras no dia 26 de março.
Veja o trailer:
O filme começa com o nascimento do fotógrafo, na cidade de Aimorés, interior de Minas Gerais, fala sobre sua adolescência, quando foi para a cidade grande, onde – de tão inocente que era – passou fome por não conseguir entrar em um restaurante e pedir comida. Também lembra de sua passagem pela faculdade de economia da Universidade de São Paulo, onde conheceu a mulher com quem se casou, Lélia Deluiz Wanick. A militância política no final da década de 1960, quando a Ditadura Militar os obrigou a fugir do Brasil. Foram morar em Paris.
Na capital francesa, Salgado aprofundou seus estudos e começou uma carreira promissora no Banco Mundial. Apesar de tudo isso, quando Lélia ganhou uma câmera fotográfica, Sebastião foi o mais interessado e descobriu seu talento em registrar imagens.
Sal da Terra passa por toda a trajetória profissional de Salgado, reconhecido fotógrafo sensível a questões sociais. Fala sobre a concepção de seus projetos como Trabalhadores (1996) e Outras Américas (1999) e um pouco do processo de desenvolvimento de cada um deles. As influências e o método de trabalho dele são pouco explorados.
Gênesis (2013), a primeira empreitada de Salgado que não estava focada na questão social, mas sim ambiental, também é lembrado. Sua relação com a natureza também vai além, pelos depoimentos de Juliano e do pai do fotógrafo, que falam sobre os males da seca em sua terra. Além disso, seu projeto de reflorestamento da Mata Atlântica, no Vale do Rio Doce (Instituto Terra), também aprofundam essa relação.
Para quem não for assistir o filme com uma pesquisa prévia, algumas questões, como o financiamento dos projetos fotográficos, ficam no escuro. No entanto, as fotografias em tela grande, mesclada à filmagens dos dois diretores e à trilha sonora sutil superam possíveis problemas que possam aparecer.
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