A fantástica fábrica de chocolate

Enquanto uma multidão de crianças observa o interior da fábrica pela enorme janela redonda de um corredor dourado, 500 chocolates Alpino são produzidos por minuto e bombons correm por esteiras até serem embalados por máquinas. Operários, vestidos com roupas e toucas brancas, humanizam o ambiente. Como no filme A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971), que ganhou remake de Tim Burton em 2005, a visita à fábrica da Nestlé, em Caçapava, interior de São Paulo, é uma experiência. Ninguém é sugado por um rio de chocolate nem corre o risco de ser transformado em amora, como acontece na ficção, mas embarca em uma jornada interativa e sensorial que começa ainda do lado de fora.

Como uma lanterna em plena Dutra, movimentada rodovia que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, duas torres e uma passarela vermelhas translúcidas, que lembram edifícios de arte contemporânea, como o pavilhão Serpentine, de Jean Nouvel, em Londres, e o Parc de La Villette, de Bernard Tschumi, em Paris, chamam a atenção. À noite, iluminadas, são ainda mais marcantes. Essa área de 1.850 m2, que acompanha o interior da fábrica, é o novo percurso de visitação, revitalizado e inaugurado em julho de 2011, ano em que a Nestlé comemorou 90 anos. “A demanda inicial era fazer a cenografia interna da parte existente do tour. Mas, em visita à fabrica, identificamos outras questões, principalmente de fluxo. Havia conflito entre visitantes, funcionários e caminhões, todos entrando pelo mesmo local. Propusemos separar e fazer acessos exclusivos. Ao mesmo tempo que resolvemos esse aspecto funcional, com as novas estruturas externas, criamos as torres que dão maior visibilidade para quem passa na rodovia”, afirma Martin Corullon, arquiteto do escritório Metro Arquitetos, responsável pela obra. O circuito tem 1,2 km de extensão.

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Corullon explica que a obra foi projetada em sistema CAD 3D, em uma geometria mais complexa que a usual, com variações de ângulos capazes de criar uma experiência sensorial para quem a visita. “Não há nada no prumo ou a 90 graus, o mais comum em construções. Com esses ângulos, os reflexos dos vidros são fragmentados e o espaço ganha uma expressividade maior. É uma tendência. Em um futuro próximo, todos os projetos de arquitetura devem ser desenvolvidos em plataformas tridimensionais”, afirma.

O novo percurso de visitação da fábrica é considerado inovador não só do ponto de vista arquitetônico, mas também do conceitual. Segundo informa a Nestlé, ele faz parte da campanha Eu sou Chocolover, lançada em 2009. “Mais do que apresentar a fábrica, a revitalização buscou deixar o tour ainda mais interessante e lúdico, introduzindo conteúdo didático e resgatando a magia da fabricação do chocolate. A visitação mostra que, além dos produtos, a fábrica cria um sentimento: a paixão pelo chocolate.” Trata-se do mais arrojado programa de visitação a uma fábrica de chocolates no País, de acordo com a empresa.

A “viagem” pela fábrica começa com a história da Nestlé, contada em vídeo exibido ainda no térreo. Mostra as façanhas do fundador Henri Nestlé, como a criação do primeiro alimento infantil da história, a farinha láctea e a atuação da marca no Brasil. Segundo o vídeo, a quantidade de chocolates produzidos em Caçapava em um ano é tão grande que, se colocados um atrás do outro, daria para ir até a Lua e voltar.

A caminho da torre, a guia apresenta a área social da fábrica, onde alguns operários (chamados na Nestlé de “colaboradores”) descansam e conversam. “São 1.200 funcionários que se alternam em cinco turnos. A fábrica nunca para. Os de touca branca trabalham na produção, os de azul, na manutenção das máquinas”, explica a guia Talita.

Ao entrar na torre, ela adianta que a primeira sala é quente e a segunda, mais quente ainda. E não estava mentindo. O motivo: estão sobre as caldeiras de chocolate, que não podem ser vistas. O cheiro de chocolate, até o momento inexistente, começa a dar o ar de sua graça. Imagens de árvores de cacau nas paredes criam um clima de floresta no primeiro ambiente, onde um áudio anuncia a origem do fruto. O calor desconcentra. Logo se quer seguir adiante. Corredores pretos fazem a ligação de um ambiente a outro. De acordo com nossa guia, é para ajudar na absorção das informações que vêm a seguir. Surge o primeiro recinto com janelas redondas que permitem a observação do interior da fábrica. É possível acompanhar o processo de refinagem, no qual tabletes de cacau são transformados em pó, o que ajuda a garantir a textura cremosa do chocolate.

Um grupo de adolescentes especiais visita o local. Passam rapidamente. De acordo com nossa guia, o objetivo do passeio, no caso deles, era entender as diferentes profissões (e não a história do chocolate). O local recebe 50 mil visitantes por ano. A expectativa com a reforma é que esse número dobre.

As estrelas
Entre as 11 etapas da visitação, muitas são salas temáticas dedicadas às “estrelas” da marca. O Suflair é uma delas. Lá, o visitante fica sabendo que o chocolate é produzido desde 1980, que sofre introdução de ar para ficar macio (o tal aerado) e a novidade é a sua versão em bombom. Tudo isso em uma atmosfera de lounge. As paredes são vermelhas, no tom da embalagem do produto, e há luz estroboscópica que gira com o estímulo do aplauso dos visitantes. A grande janela dá acesso à produção do chocolate, que passa em esteiras azuis em direção à geladeira para resfriamento.

Um dos espaços chamados recreativos é uma sala com bancos em formato de tabletes de chocolate – pretos, brancos e “ao leite” (marrons). “Aqui, fazíamos brincadeira com as crianças, como descobrir o nome do chocolate ao prová-lo de olhos vendados. Mas havia muita bagunça e elas jogavam lixo no chão. Então, agora, apenas ensinamos a música da Nestlé, que eles adoram”, conta Talita. A canção faz uma brincadeira, em seus versos, com os nomes dos chocolates: “É gostoso de comer/chocolate da Nestlé/vou correndo Sem Parar/pra comer o Milkbar…”.

Atividades interativas também fazem sucesso entre a garotada, como uma tela em que se pode votar na sua “especialidade” preferida (referência à Caixa de Especialidades da Nestlé, que vem com bombons variados), com um toque sobre a imagem, e depois consultar o ranking da mais votada – o campeão no dia da visita da reportagem da Brasileiros ao local era o Charge, com 2.553 votos.

A janela que dá acesso à produção desta caixa é uma das mais interessantes. Braços de robô pegam os bombons e os colocam nas caixinhas abertas. Todas são transportadas em esteiras até seu destino final, quando são fechadas e colocas em cestas de transporte. Porém, no meio do caminho, ao passarem por uma balança, podem ser rejeitadas pela máquina – quando pesam menos ou mais que 400 g. Aí entra a participação humana. Uma operária, sentada de frente para essa balança, adiciona ou retira bombons para que a caixa se encaixe no peso. “Tem criança que diz: ‘Vi a operária comendo um bombom!’. Mas é brincadeira. Os colaboradores não podem comer na linha de produção nem nos corredores da fábrica. É uma questão de higiene”, afirma Talita.

Se depois de uma hora e meia – tempo estimado do passeio –, o visitante ainda tiver dúvidas sobre os chocolates da marca, uma das últimas salas certamente irá acabar com elas. Funciona como uma espécie de recapitulação. Apresenta, em um quadro luminoso, o nome do produto, seu ano de criação, descrição do recheio e em qual etapa da produção ele foi mostrado durante a visita. Na parede oposta, emblemáticas propagandas da Nestlé no Brasil ao longo de seus 54 anos de história.

Ao final da jornada, os visitantes podem tirar foto com look de chocolatier (com touca branca na cabeça) – uma montagem de computador, a imagem fica disponível no site da marca – e ganham um saquinho com cerca de 30 delícias da marca. Há ainda uma loja que oferece entre suas atrações a possibilidade de customizar uma caixa de especialidades, ou seja, o consumidor escolher os bombons de sua preferência.

Tour Nestlé Chocolover Inscrições para visitação: www.nestle-tourchocolover.com.br


Comentários

3 respostas para “A fantástica fábrica de chocolate”

  1. Avatar de Marcia Regina Ribeiro Moreira
    Marcia Regina Ribeiro Moreira

    Gostaria de deixar um observação,comprei 3 danones da marca molico no extra em são josé dos campos,pois estou acostumada à comprar do mesmo,na embalagem me fala que é firme e vem adoçado com adoçante, os mesmos estão puro liquido e super doce,por gentlleza pode verificar todo o lote pois à compra foi feita em dias diferentes,desde de ja agradeço.

  2. muito legal quero muito conhece-la deve ser linda na minha escola vamos

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