Ouça os sambas-enredo do grupo especial do Rio de Janeiro

As 12 escolas de samba do grupo especial carioca se apresentam nos dias 15 (domingo) e 16 (segunda-feira) de fevereiro, na Marquês de Sapucaí.

No primeiro dia, desfilam no sambódromo as seguintes escolas: Viradouro, Mangueira, Mocidade, Vila Isabel, Salgueiro e Grande Rio. E no segundo dia, apresentam-se: São Clemente, Portela, Beija-Flor, União da Ilha, Imperatriz e Unidos da Tijuca, campeã do Carnaval 2014.

Confira a seguir a letra e o enredo de cada escola no Carnaval 2015:

Beija-Flor 

O samba-enredo da Beija-Flor de Nilópolis faz um resgate da alma africana, com referências à Guiné Equatorial.

Letra: Vem na batida do tambor / Voltar na memória de um griô / Fala cansada, mãos calejadas / Ouça o menino Beija Flor / Ceiba, árvore da vida / Raízes na verde imensidão / Na crença de tribos antigas / Força e povoada nesse chão / O invasor singrou o mar / Partiu em busca de riquezas / E encontrou nesse lugar / Novas Índias, outras realezas / Destino trocado, tratado se faz / Marejam os olhos dos ancestrais / Negro canta, negro clama / Liberdade! / Sinfonia das marés / Saudade! / Um africano rei que não perdeu a fé / Era meu irmão, filho da Guiné! / Formosa, divina ilha / Testemunha dos grilhões / Eu vi a escravidão erguer nações / Mas a negritude se congraça / A chama da igualdade não se apaga / Olha a morena na roda e vem sambar / Na ginga do balélé, cores no ar / Dessa mistura vem meu axé / Canta Brasil! Dança Guiné! / Criança! Levanta a cabeça e vá embora! / No mar que trouxe a dor, / Riqueza aflora / Tens uma família agora! / Quem beija essa flor não chora. / Sou negro na raça, no sangue / E na cor. / Um guerreiro Beija Flor / Oh minha deusa soberana! / Resgata sua alma africana

Grande Rio

Os Acadêmicos do Grande Rio vão explorar o universo da jogatina. 

Letra: O jogo começou / sou eu que dou as cartas na avenida / e nessa disputa de poder / eu não quero saber, vou jogar pra vencer / sou “rei”, venha ser a minha “dama” / no castelo de quem ama / sou teu “servo” minha linda flor / a surpresa está na manga / meu trunfo de maior valor / Pra saber o meu destino… fui buscar / a resposta no tarô e encontrei o amor / a chave para abrir o meu caminho / num raiar de um novo dia a cigana revelou / Estrelas me guiam a luz do luar / além dos mistérios eu vou viajar / a ”água da “terra” eu vejo brotar / o “fogo” ardendo envolto no “ar” / o meu amanhã como posso saber? / chegou minha hora eu não posso perder / de um jeito esperto, num lance incerto / a última carta vai surpreender / canta caxias o meu coringa é você / Eu vou na ginga, jeito malandreado / vem cá menina começou o carteado / se você veio ver, então vamos jogar / chegou Grande Rio… pode apostar!

Imperatriz

A Imperatriz Leopoldinense vai levar a questão da liberdade e da igualdade dos negros para o sambódromo.

Letra: Foi um grito que ecoou, “Axé-nkenda”! / A luz dentro de você… acenda! / Nada é maior que o amor, entenda / A voz do vento vem pra nos contar que na mãe África nasceu a vida / Pura magia, “baobá” abençoado… tanta riqueza no triângulo sagrado / Mistérios! Grandeza! O homem em comunhão com a natureza! / Tristeza e dor, na violência pelas mãos do invasor / E o mar levou.. Nossa cultura um novo mundo encontrou / Põe pimenta pra arder, arder, arder! / Sente o gosto do dendê, o iaiá, oyá / Tem acarajé no canjerê, tem caruru e vatapá (é divino o paladar) / Capoeira vai ferver! Vem ver! Vem ver! / Abre a roda que ioiô quer dançar.. Sambar.. / Traz maracatu, maculelê.. É festa até o sol raiar / Liberdade! Sagrada busca por justiça e igualdade / E com arte eu semeio a verdade / O despertar para um novo amanhecer / Faço brotar a força da esperança / Deixo de herança um novo jeito de viver! / Vamos louvar o canto da massa / Unindo as raças pelo respeito / Vamos à luta pelos direitos / Uma “banana” para o preconceito / “Mandela”! “Mandela”! / Num ritual de liberdade / Lá vem a Imperatriz! Eu vou com ela / Eu sou “Madiba”! Sou a voz da igualdade

Mangueira

A Estação Primeira de Mangueira vai homenagear as mulheres de todo o País.

Letra: Oh, divina dama! / Em cada alvorada te agradeço / Quando me lembro dos meus tempos de criança / Sinto tanto orgulho deste chão / Cercado pelo verde da esperança / Vovó guiava minha imaginação / Descendo o morro entre becos e vielas / Vejo a primavera desabrochar / Um mar de rosas perfumando a passarela / Deixa a Mangueira passar / Ora yê yê… vem, menininha! / Entra na roda, quero ver você girar / Ê ê girar… baiana gira / A mãe do samba dança pro seu orixá / É tão bom ouvir as pastorinhas / Ao som de doces melodias / E as estrelas da nossa canção / Linda… na beleza tem poesia / A rainha veste a magia / Das flores em nossa estação / Brilha a porta estandarte / Revelando toda arte / Num bailar que não tem fim / Desperta, amor! / Pra ver a Neuma na Avenida / O povo aplaude dona Zica / Sagrado verde e rosa nessa história / Glória a essas divas tão guerreiras / a nossa maria não é brincadeira / É raça, é fibra, é jequitibá! / Eu vou cantar a vida inteira / Pra sempre Mangueira, tem que respeitar! / Eu vou cantar a vida inteira / Mulher brasileira em primeiro lugar

Mocidade

O enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel trata de um tema que sempre inquietou a humanidade com suas previsões e profecias: o fim do mundo. 

Letra: Você, o que faria / se o mundo fosse acabar / e só lhe restasse este dia pra viver? / ver tudo ruir, a terra tremer! / o chão se abrindo aos seus pés / a profecia vai acontecer! / vem.. é o juízo final! / viva.. o amanhã não vem mais! / solte… toda alegria! / libere a sua fantasia! / É de enlouquecer amor.. / é contagem regressiva / eu já tô louco, sou Vintem, sou Padre Miguel! / cada segundo vou curtindo a vida! / A hora é essa.. não há mais tempo a perder / não tem limites.. diga o que vai fazer? / de novo voltar ser criança? / de bem com os amigos.. brincar? / andava pelado? / iria pro shopping ou malhar? / sem restrições morrer de amor? / faria a tristeza sumir? / na batida do tambor / roda baiana.. cai nesta folia! / de verde e branco vem com a bateria! / Invade… se joga.. na felicidade / fazendo a vontade do seu coração / hoje é o dia.. vem se “acabar” / deixa a Mocidade te levar!

Portela

O samba-enredo da Portela homenageia os 450 anos da Cidade Maravilhosa, isto é, o Rio de Janeiro.

Letra: Oh meu Rio / a águia vem te abraçar e festejar / “feliz cidade” sem igual / paraíso divinal / E eu “daqui” feito “Dali” / em traços te retrato surreal / A natureza lhe foi generosa / na Guanabara “formosa mulher” / despertou cobiça, beleza sem fim / “delícias” de um “nobre jardim” / Eu vi o “Menino do Rio” versar / um lindo poema / para impressionar a “Princesinha do Mar” / sonhando com a “Garota de Ipanema” / Vem amor, a Lapa dá o “tom” pra boemia / vem amor, a nave da emoção nos contagia / lá vem o trem chegando com o povo do samba / lá vai viola, o batuque só tem gente bamba / tão bela! orgulhosamente a Portela / vem cantar em seu louvor ô ô ô ô / “Central” do meu brasil inteiro / morada do Redentor / Sou carioca, sou de Madureira / a Tabajara levanta poeira / pra essa festa maneira meu bem me chamou / lá vem Portela malandro, o samba chegou

Salgueiro

Já Acadêmicos do Salgueiro faz uma homenagem a história do Estado de Minas Gerais, a partir da cozinha mineira.

Letra: Tem amor nesse tempero… Salgueiro / Esse “trem é bom demais” / Vem dos tempos dos meus ancestrais / Foi o índio que ensinou / Com sua sabedoria / O jeito de aproveitar, tudo que a terra dá, no dia-a-dia / É de dar água na boca, se lambuzar / Visitar o paraíso…. e sonhar / O danado desse cheiro sô… ô sinhá / Atiçou meu paladar… ô sinhá / Já bebi uma “purinha” vim sambar na Academia / E não quero mais parar… / O ouro desperta ambição / Da fome nasce a criatividade / O branco, o negro e seus costumes / Trazendo muito mais variedade / Um elo em comunhão / E a culinária virou arte e tradição / É no tacho… na panela… mexe com a colher de pau / Saberes e sabores lá do fundo do quintal / Peço a Nossa Senhora pra não deixar faltar / É divina… que delícia… pronta pra saborear / Prepara a mesa bota a fé no coração / Numa só voz vai meu samba em louvação / É o meu Salgueiro com gosto de quero mais / Oh Minas Gerais!

São Clemente

A São Clemente leva para a Sapucaí, a história de um homem de Rio Branco (AC), imerso em um universo folclórico, que só tinha medo da Matinta Perera da Tocandira e da onça pé de boi.

Letra: Chega mais / Mas vem sem medo, hoje é Carnaval / Artista brasileiro genial / E nem Matinta Perera hoje, vai lhe calar / Vem bicho brabo e onça sambar / Clementiano é fiel não abandona / Vem pra folia Fernando Pamplona / De Rio Branco à Rio Branco aprendeu / Se encantou com esta festa popular / E quando foi julgador o desfile atrasou / Seu coração salgueirou / Zambi é Zumbi, Chica da Silva mandouôôôô / Exaltando o negro pro mundo inteiro cantar / Pega no ganzê, pega no ganzá / Idealista, grande vencedor / Fez o desfile ganhar outra dimensão / Choveram críticas, meu professor / Junto aos confetes e alegria do povão / Hoje, sua herança desfila aqui / Lindo girassol começa a se abrir / É o mestre / Que segue o astro rei lá no infinito / O céu ficou ainda mais bonito / Todos querem aplaudir / Vem que a festa é da gente / Meu orgulho São Clemente / Ao gênio maior da Avenida / Canta Zona Sul, feliz da vida

União da Ilha

A União da Ilha vai explorar a questão da beleza, seja a busca incessante por ela ou a ditadura que vivemos que impõe os padrões de beleza. 

Letra: Floresceu… desabrochou uma explosão de cor / Bem-vinda oh mão natureza / Transformando, esbanjando formosura, é beleza pura / Vem no tempo vai no vento, quem vai julgar / O povo sempre deu um jeito de se enfeitar / Cada um é tão bonito quanto possa imaginar / Sou sambista, minha arte é universal / O que importa é estar na moda, na avenida principal / Me visto de ilusão, transbordo de emoção sou / Chique estou no Carnaval / Lá vem ela toda prosa, gostosa fiu, fiu / A beleza tá no seu interior, nos olhos de quem vê / No verdadeiro amor / Diga espelho meu no swing dessas feras / Tem mais bela do que eu? Ele respondeu: / No reino encantado, quem nasce pra brilhar, jamais se apagará / Mamãe tô forte e tenho sorte / Meu charme é passaporte para ser superstar / Eu tô na tela da tv sou a cara da riqueza / Tiro foto de mim mesmo eu só quero aparecer / Vim sem nada pra vida, nada vou poder levar / O meu destino diz, que eu serei feliz / A Ilha chegou, a festa começou / O show é da comunidade / Sem desmerecer ninguém, sou a mais linda / Encantando a cidade

Unidos da Tijuca

A Unidos da Tijuca conta a história da Suíça, sob o olhar de Clóvis Bornay, filho de um suíço e figura representativa do carnaval carioca.

Letra: Carnaval / eterna é nossa união / que bom voltar / pra reviver esta emoção / quem dera com o meu pai reencontrar / tantas histórias encantadas / se fez o sonho e não quero acordar / seres alados, castelos erguidos / sopro gigante, herói destemido / nos montes de neve um anjo a proteger / melhor amigo que o homem pode ter / Gira mundo no tempo, templo da invenção / tudo cabe no bolso ou na palma da mão / “o som da caixa”, jóia de valor / quem procura acha, a senha do amor / Novo tempo / relativa idade do conhecimento / brilhante pensamento / explica a vida em todas as direções / sábia mente, a hora voa com o viajante / brilha o sol num instante / aquecendo tantas gerações / hoje eu vejo que o ontem / é o aprendizado para o amanhã / Suíça, em tua história a inspiração / com teus sabores na avenida / quebrando o gelo, lá vem o pavão / Deixa o dia clarear Tijuca / tá na hora a gente vai à luta / o relógio disparou alô gente bamba / vai pro Borel o prêmio Nobel do samba

Vila Isabel

O tema da Vila Isabel é a Orquestra Sinfônica Brasileira, em que maestros serão homenageados, tais como Eleazar de Carvalho, João Carlos Martins, Isaac Karabtchevsk, entre outros.

Letra: O envolvimento suave da batuta / com a poesia do povo de Noel / em sintonia o mestre / e seus movimentos / e o samba de Vila Isabel / tá na sua regência / a doce magia e a inspiração / pra gente tocar feliz / o clássico na mais pura raiz / mais cordas, metais / a valorizar as notas musicais / traz o sopro de paz / eu quero curtir o guarani / na arte retratos da vida / o amor de Ceci e Peri / viver é amar e sonhar / no som do “Menino Brasil” / o “canto do uirapuru” / Villa Lobos a emocionar / Seguem no compasso a swingueira, / orquestra brasileira, o balé / bailam passistas, porta bandeira, / e a bailarina na ponta do pé / solto então a voz na canção / que emociona a todos nós / Dignidade de volta pro ninho / Isaac e Martinho dão o tom / No ar a mais bela sinfonia / é de arrepiar / comunidade unida a cantar / renasce num sonho lindo, / a Vila de novo sorrindo / e a música vem brindar

Viradouro

A Viradouro também faz uma homenagem à cultura negra. 

Letra: Os negros / Trazidos lá do além-mar / Vieram para espalhar / Suas coisas transcendentais / Respeito / Ao céu, a terra e ao mar / Ao índio veio juntar / O amor, à liberdade / A força de um baobá / Tanta luz no pensar / Veio de lá / A criatividade / Em cada palma de mão, cada palmo de chão / Semente de felicidade / O fim de toda a opressão, o cantar com emoção / Raiou a liberdade / Tantos o preto velho já curou / E a mãe preta amamentou / Tem alma negra o povo / Os sonhos tirados do fogão / A magia da canção / O carnaval é fogo / O samba corre / Nas veias dessa pátria – mãe gentil / É preciso atitude / De assumir a negritude / Pra ser muito mais Brasil / ôôô,ôôôô,ôôôô Brasil


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