Com alta de 2,77%, a maior deste ano desde 30 de janeiro (2,96%), o dólar comercial fechou esta semana cotado a R$ 3,249. Ao longo da sexta-feira (13), a moeda norte-americana chegou a valer R$ 3,28, mas reduziu a alta no fim da sessão. A cotação é a maior desde 2 de abril de 2003, quando o dólar foi negociado na Bolsa a R$ 3,259.
A alta desta sexta-feira foi bem maior que a de quinta-feira, quando o dólar subiu 1,08% e fechou cotado a R$ 3,16. A moeda acumula alta de 6,3% nesta semana e de 13,76% no mês. A valorização acumulada no ano chega a 22,2%.
A recuperação da economia dos Estados Unidos, que aumenta a possibilidade de elevação dos juros norte-americanos, tem feito o dólar se valorizar em relação a várias moedas. Juros mais altos nos países desenvolvidos reduzem o fluxo de capital para países emergentes, como o Brasil, pressionando o dólar para cima. Os problemas internos na economia brasileira também fazem com que a moeda norte-americana se valorize mais. Economistas defendem a implementação do plano de ajustes financeiros do governo federal e a sinalização de outras medidas para recuperar a confiança do mercado e reduzir a especulação cambial.
Motivações
“Não é possível prever um teto para a cotação no dólar no momento atual”, disse à Brasileiros nesta semana o empresário Sidnei Nehme, dono da NGO Corretora. Para ele – um dos maiores especialistas de câmbio do País -, os ânimos dos investidores estão exaltados e ninguém consegue pôr preço justo na moeda norte-americana. Sempre que há uma estilingada, os investidores realizam lucros. Ou seja, vendem dólar para embolsar os lucros recentes.
Há dois movimentos concomitantes. O primeiro é a crise política, que, na visão do mercado, pode colocar em risco a meta do governo de fazer um superávit primário (receita, menos despesas, antes do pagamento dos juros) de 2,1% do PIB neste ano. No limite da tensão, pensa-se: “Será que Joaquim Levy fica?”. O segundo vem de fora. Os Estados Unidos estão criando mais empregos e parecem ter pavimentado o caminho para um crescimento mais sólido. Por isso, o Federal Reserve (Banco Central americano) deve começar elevar os juros em breve. E os títulos dos EUA são considerados os mais seguros do mundo.
“Na semana passada, já houve saída líquida de cerca de US$ 7 bilhões”, estima Nehme. E nosso Banco Central não tem muito espaço para atuação. Já tem um estoque de US$ 120 bilhões de swaps emitidos (operação que tenta pressionar o dólar para baixo). O que tem feito é estimular os bancos a vender dólar no mercado futuro. A posição vendida das instituições financeiras é calculada em US$ 20 bilhões. Mas o nervosismo tem se sobreposto a essa atuação, pautado por compras e vendas oportunistas, como é da natureza do mercado.
“Pressiona ainda o dólar”, diz Nehme. “O risco cambial brasileiro, que é elevado. Nada menos do que US$ 1,1 trilhão de dinheiro estrangeiro está na bolsa, em renda fixa e em empréstimos intercompanhias. Dinheiro fujão, acumulados recentemente pela farta liquidez do mercado externo e pelos juros elevados praticados pelo BC”, completa.
Deixe um comentário