Lado B do Ben: releituras e inéditas na voz de Jorge Ben Jor

Jorge se apresenta na TV, em 1970, ocasião em que lançou o álbum Força Bruta, o segundo em parceria com o Trio Mocotó (foto: Agência Estado)
Jorge se apresenta na TV, em 1970, ocasião em que lançou o álbum Força Bruta, o segundo em parceria com o Trio Mocotó (foto: Agência Estado)

Nesta terça-feira (22), a despeito das controvérsias sobre sua verdadeira idade, Jorge Ben Jor completa 71 anos. A efeméride ganhou o status de polêmica em 2012, quando em meio à celebração de seus 70 anos Jorge negou o fato ao afirmar que os registros de sua data de nascimento em 1942, replicados em inúmeras reportagens desde que ele surgiu no cenário musical em 1963, com o lançamento do clássico Samba Esquema Novo, estavam errados e que ele, na verdade, nasceu em 1945. A alegação é questionável (entenda porque, na reportagem Jorge Ben Gato), mas isso pouco importa. O que realmente interessa é celebrar a memória musical deste que é um dos maiores ídolos da música popular brasileira.

Nossa comemoração vem em forma de lista exclusiva. Selecionamos para os leitores de Brasileiros dez temas especiais. São releituras de algumas das pérolas do Babulina e composições não registradas por ele. Leia também reportagem especial sobre os 50 anos de Samba Esquema Novo e O Transe Negroide De Ogum e Xangô, resenha do álbum Gil & Jorge

Tamba Trio – Mas, Que Nada
Primeiro grande sucesso de Jorge Ben Jor, Mas, Que Nada ganhou releitura do Tamba Trio por uma feliz coincidência. Artistas da mesma gravadora, a Philips, tanto Jorge quanto o Tamba gravavam seus álbuns no mesmo estúdio. Ao passarem pelo corredor da sala em que Jorge gravava a composição, Luizinho Eça, pianista do Tamba, e Bebeto Castilho, contrabaixista do trio, ouviram o “samba misto de maracatu” e foram conferir o registro. Percebendo o interesse dos músicos, Jorge gentilmente cedeu a composição para ser gravada no segundo álbum do Tamba, Avanço.

Som Três – O Telefone Tocou Novamente
Um dos destaques do álbum lançado pelo Som Três em 1970, o samba-rock O Telefone Tocou Novamente ganhou versão acelerada e o piano inconfundível de Cesar Camargo Mariano, líder do trio que por muitos anos serviu ao talento de Wilson Simonal, nos tempos áureos da Pilantragem

Ronald Mesquita – Balança Pema
Lançado na França, pelo selo Barclay, Brésil 72 é um dos pontos altos da discografia solo do baterista Ronald Mesquita, que integrou, nos anos 1960, o combo de samba-jazz Bossa Três, ocupando o posto do icônico baterista Edison Machado. Além dessa irresistível versão de Balança Pema, o álbum reúne ótimas regravações, como Águas de Março de Tom Jobim, Zanzibar de Edu Lobo, e Tarde em Itapoã de Toquinho e Vinicius de Moraes

De Savoya Combo – Caramba… Galileu da Galiléia
Também de 1972, mesmo ano de lançamento de Ben, álbum que inclui a gravação original de Jorge, a releitura de Caramba… Galileu da Galileia feita pelo De Savoya Combo ganhou solo de trompete e os timbres eletrônicos do organista Ed Lincoln, líder do combo.

 
Salinas – Tenha Fé, Pois Amanhã um Lindo Dia Vai Nascer
Compositor dos mais prolíficos, Jorge deixou de registrar muitas de suas canções, mas, sorte nossa, as cedeu para outros artistas. Caso de Tenha Fé… que também ganhou registros d’Os Originais do Samba e do cantor Adauto Santos, com o título Confiança. Excelentes versões, claro, mas não superam o delicioso arranjo do maestro Daniel Salinas.

 
Claudette Soares – Eles Querem é Amar 
Uma das pérolas do álbum Big-Ben, de 1965, Bom Mesmo é Amar (ouça) ganhou, na releitura da musa Claudette Soares, novo título e leves alterações na letra. Nada que descaracterize a mensagem original. Pelo contrário, os recados de Jorge permanecem intactos e o balanço original tem o mesmo apelo.

Gal Costa – Tuareg
Outra composição jamais gravada por Jorge, Tuareg é a segunda faixa do álbum de 1969 da cantora, o mais lisérgico de sua discografia (ouça). A composição seria incluída na trilha sonora do filme O Diamante Cor de Rosa, longa de Roberto Farias estrelado por Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa, mas a Philips não cedeu os direitos do fonograma à Polydor, gravadora que lançou o hoje raro e cultuado LP.

    
Embalo R – Vou Me Pirulitar 
Também inédita na voz de Jorge, Vou Me Pirulitar tem releitura mais conhecida com Os Originais do Samba (ouça) – a faixa abre o segundo disco do grupo liderado pelo saudoso Mussum -, mas a versão, com elementos de samba-jazz, do Embalo R é cativante.

Astrud Gilberto – Take it Easy my Brother Charlie
Lançada em 1972, três anos depois do registro original, a versão de Astrud Gilberto está no álbum Now, LP do selo Perception Records, que ganhou arranjos luxuosos do conterrâneo Eumir Deodato e participação de craques como o baterista Billy Cobham, o percussionista Airto Moreira e o tecladista Mike Longo. 

 
Sonia Santos – Speed
Escrita especialmente para Sonia Santos, e também nunca gravada por Jorge, Speed é um samba-boogie irresistível. A faixa exclusiva está em Ben Discotheque, compacto lançado pela RCA Victor, em 1978. À época, Speed ganhou clipe no Fantástico, da Rede Globo. 



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