Brasil desperdiçou na rede de distribuição 37% da água em 2013

Foto: Pedro França/Agência Senado  - 14/01/2015
Foto: Pedro França/Agência Senado – 14/01/2015

O Brasil desperdiçou 6,53 bilhões de metros cúbicos (m³) de água devido às perdas na rede de distribuição em 2013, aponta pesquisa do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta quarta-feira (25). Esse volume representa 37% de toda a água distribuída e equivale a 6,5 vezes a capacidade do Cantareira ou 7.154 piscinas olímpicas. Em termos financeiros, as perdas na distribuição representam 39%, o equivalente a R$ 8 bilhões. O valor representa 80% dos investimentos feitos em água e esgoto no período analisado.

O levantamento, com base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis) de 2013, do Ministério das Cidades, mostra que a Região Norte é a que mais perde água no processo de distribuição. Mais de metade (50,7%) da água usada no abastecimento é desperdiçada em razão de vazamentos, falta de hidrômetros ou ligações clandestinas. O Amapá, com uma população de 734,9 mil pessoas, é o campeão nacional de perdas, com um índice de 76,54%. Em termos unitários, por ligação ativa à rede de distribuição, o índice de perda é 2,7 mil litros/dia por ligação.

As perdas também são altas no Nordeste, com 45,03%. O destaque é Sergipe, com 59,27%. A melhor situação é registrada na Paraíba (36,18%) e no Ceará (36,52%). O Sudeste têm o menor índice de perdas, com 33,35% na média estadual. Rio de Janeiro é o estado com menos perdas, com 30,82%, seguido pelo Espírito Santo (34,39%). As demais regiões apresentam índices próximos ao do Sudeste: Sul (35,06%) e Centro-Oeste (33,4%). O Distrito Federal tem o melhor índice do país, com 27,27%.

Em comparação com 2004, o Trata Brasil avalia que as perdas na distribuição não diminuíram a contento. Houve redução de 8,7 ponto percentual nos últimos dez anos, o que equivale a menos de 1 ponto percentual por ano. O índice passou de 45,6%, em 2004, para 36,9%, em 2013. “[Os dados] confirmam a necessidade de acrescentar os esforços na redução de perdas para atingir níveis condizentes com a situação hídrica atual”, informa nota do instituto.

O estudo faz uma estimativa de redução das perdas para 2033 considerando três cenários: otimista, base e conservador. Em uma situação considerada otimista, o país chegaria com 15% naquele ano, uma redução de 62%. Um cenário base propõe que as perdas na rede de distribuição de água fiquem em 20% e uma posição conservadora sugere um índice de 25%.

Caso o país alcançasse o cenário base, ao longo dos cinco primeiros anos, isso representaria um ganho financeiro de R$ 2,61 bilhões. Ao longo de 20 anos, o ganho acumulado chegaria a R$ 26,73 bilhões, o que equivale, por exemplo, a 9% do investimento planejado pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) até 2033 para se conseguir a universalização da água e esgoto.

O instituto indica soluções que devem ser adotadas hoje para se chegar a índices menores de perdas de água. Entre eles, estão: estabelecer contratos com incentivos para a redução de perdas, gerenciar o desperdício, criar programas para reduzir perdas sociais (ligações clandestinas), utilizar hidrômetros de maior precisão e direcionar maior financiamentos para iniciativas que contribuam com essa política.


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