Obra criada em 1996 pelo artista plástico carioca Waltercio Caldas, a Escultura para o Rio corre o risco de ser destruída – ou relocada – para dar passagem ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), transporte previsto para ligar o centro da cidade à região portuária, a partir de 2016, e que faz parte do projeto Porto Maravilha.
Waltercio diz ter sido avisado sobre a possível demolição na semana passada, por engenheiros da empresa contratada pela prefeitura para executar o projeto. O artista ressalta que o planejamento do VLT teve o cuidado de não destruir, por exemplo, o jardim criado nos anos 1930, por Roberto Burle Marx, em frente ao Aeroporto Santos Dumont, “mas aparentemente negligenciaram a escultura”.
Waltercio também afirma que há um elemento “complicador” numa eventual mudança de endereço para a obra, que fica na Avenida Beira Mar. “Eu não a criei como um mobiliário urbano, que pode ser transposto. Debrucei-me sobre a questão de como um objeto artístico pode ter simbiose com seu entorno. Ela foi concebida para ficar numa ilha de passagem que, antes, não tinha importância. Não é apenas uma escultura, mas um lugar, que deu novo significado àquela circunstância, com uma narrativa artística, com sua pele, sua cobertura de pedra portuguesa, que dialoga com a cidade. Deslocá-la implicaria em repensá-la de acordo com a nova circunstância”, pondera.
No verbete dedicado a Waltercio na Enciclopédia Itaú Cultural, a Escultura para o Rio é descrita como “uma síntese de seu trabalho”, em que se vê “a sutileza conceitual que sempre o caracterizou, aliada a uma capacidade de mobilização de espaço público”.
Em comunicado enviado à ARTE!Brasileiros, a assessoria de imprensa da CDURP (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro) afirma que “um novo encontro com o artista Waltercio Caldas foi agendado para tratar do destino da obra”.
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