Quando o camaleão José Sarney, assim chamado em atenção à sua infinita capacidade de se aliar a todo e qualquer governo de qualquer regime político, seja ditadura ou democracia, anunciou, no ano passado, que não iria se recandidatar a senador, seus amigos ficaram preocupados com a possibilidade de ficarem órfãos dos inúmeros bons serviços que ele tem prestado a eles e seus inimigos pensaram “ufa, finalmente ele vai curtir o que lhe resta de vida em sua amada São Luís”.
Flagrado votando em Aécio no segundo turno, prognósticos apontavam seu rompimento com o governo. A derrota de seu candidato a governador do Maranhão deu mais combustível à torcida contra: agora chegara seu fim! No entanto, eis que ele continua em Brasília e – surpreendentemente – no primeiro plano da cena política. Numa foto da posse do novo ministro da Secom que eu vi na Folha lá está ele aos cochichos com o vice-presidente Michel Temer, no palco da cerimônia, enquanto a presidente Dilma, ao lado, abraça o nomeado Edinho Silva.
Nos jornais de hoje somos informados que o desembargador Reynaldo Soares da Fonseca foi nomeado, ontem, pela presidente, ministro do STJ com o ap0io de Sarney. Não sei se os cochichos com Temer têm a ver com a notícia de hoje, mas dão o que pensar.
A força do ex-governador do Maranhão, do ex-presidente da Arena (o partido da ditadura militar de 64), do ex-presidente da República (pelo PMDB), do ex-presidente do Senado, do ex-senador só tem uma explicação: ele tem votos, tanto na Câmara Federal quanto no Senado que pode direcionar ou não para o governo, a seu bel prazer.
Quantos votos é difícil saber, mas, numa conjuntura desfavorável para o governo é um número suficiente para lhe garantir o direito de indicar amigos nos vários escalões tanto no Poder Executivo quanto no Judiciário. Tem a bancada evangélica, a bancada da bala, a bancada progressista… e a bancada Sarney.
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