A eleição geral no Reino Unido, que deve levar milhões de britânicos às urnas no dia 7 de maio, promete ser uma das mais acirradas da história. A última pesquisa de opinião, divulgada pelo Instituto YouGov, mostra o Partido Conservador, do primeiro-ministro David Cameron, com 34% das intenções de voto, apenas 1 ponto percentual à frente do Partido Trabalhista, liderado por Ed Miliband.
Além disso, legendas menores, como o Partido Independente do Reino Unido (UKIP), liderado por Nigel Farage, parecem ganhar relevância maior neste pleito. Na pesquisa, o UKIP, conhecido por sua bandeira anti-imigração, aparece com 13%, à frente do Liberal Democrata, que tem 10%. “Podemos ter partidos menores alcançando maior expressão do que normalmente tem, fazendo com que nem conservadores nem trabalhistas alcancem maioria. Com isso, o próximo Parlamento vai requerer muitos partidos trabalhando juntos”, enfatizou o diretor do Instituto YouGov, Laurence Janta-Lipinsk.
De acordo com o sistema eleitoral britânico, para indicar o primeiro-ministro um partido precisa alcançar 326 dos 650 assentos da Câmara dos Comuns, a casa legislativa de maior atuação no Reino Unido, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. Se nenhum partido conseguir a maioria, ocorre uma situação que os britânicos chamam de hung Parliament(parlamento enforcado, em tradução livre). Neste caso, alianças têm que ser feitas para garantir maioria. Se não houver acordo para a formação de um governo de coalizão, uma nova eleição pode ser convocada. Na última eleição, em 2010, por exemplo, o Partido Conservador alcançou 306 assentos, contra 258 do Partido Trabalhista, e uma aliança com o Partido Liberal Democrata foi necessária para garantir a governabilidade.
Os eleitores têm até o dia 20 de abril para registrar a intenção de votar. Em 2010, quase 30 milhões de britânicos maiores de 18 anos foram às urnas. A eleição é distrital – em cada região o candidato a membro do Parlamento (deputado) mais votado é eleito.
Faltando 30 dias para a eleição, o clima já é de disputa na Grã-Bretanha, com os dois principais líderes partidários em ritmo acelerado de campanha. Entre as principais propostas em debate está a continuidade, ou não, da política de austeridade econômica e corte nos gastos públicos, defendida e adotada por David Cameron, que é amplamente criticada pelos trabalhistas, favoráveis à ampliação do investimento como forma de ampliar o crescimento da nação.
Outra questão polêmica é a proposta de Cameron, de promover um referendo até 2017 para decidir se o Reino Unido deve, ou não, continuar a fazer parte da União Europeia. Os trabalhistas são contra e afirmam que a proposta é “a receita para o caos”. O ex-primeiro-ministro britânico do Partido Trabalhista, Tony Blair, em sua primeira manifestação em relação ao processo eleitoral deste ano, disse na terça (7) que a proposta de Cameron “ameaça a posição do Reino Unido como nação global”.
Deixe um comentário