A escritora e socióloga da arte Sarah Thornton, autora do best-seller Sete Dias no Mundo da Arte (editora Agir), participa nesta quinta (9), a partir de 11h15, do TALKS – Arte como Valor, série de palestras e conversas com especialistas do mercado de arte, feita em parceria com a SP-Arte. Um dos temas do bate-papo, que terá mediação de Daniel Benevides, da revista Brasileiros, é o livro O Que É um Artista?, um panorama das artes visuais no mundo, feito a partir de entrevistas com 33 artistas de peso, como Ai Weiwei, Jeff Koons, Beatriz Milhazes e Damien Hirst, que, segundo ela, não teria ficado muito satisfeito com o resultado. Após sua fala no TALKS, Sarah participa de uma sessão de autógrafos de seu novo título. Leia abaixo uma breve entrevista com a escritora:
ARTE!Brasileiros – O Que É um Artista? foi feito a partir de entrevistas com 130 artistas de todo o mundo, mas apenas 33 entraram no livro. Quais foram os critérios para chegar a esse número?
Sarah Thornton – Eu estava especialmente interessada por aqueles que questionassem o papel do artista em seus trabalhos. Alguns deles também de algum modo tiveram de entrar porque foram mencionados durante as entrevistas que eu fiz com seus colegas. Eu ia para o ateliê de um determinado artista, e seus nomes surgiam espontaneamente na conversa em algum momento. Como Damien Hirst, Jeff Koons, Ai Weiwei. Eram exemplos de artistas de quem alguns entrevistados se distanciavam, ou com quem se comparavam. Hirst foi particularmente um exemplo negativo para muitos deles. Weiwei estava frequentemente no noticiário à época devido às suas críticas ao regime chinês, e Koons despontava como um superstar global. Também queria ter um alcance o mais global possível em meu panorama. As comparações e os contrastes entre os artistas foram definiram o modus operandi do livro também. Como o contraponto entre Weiwei e Koons, que são da mesma faixa etária, têm influência de Duchamp, usam ready-mades etc. Mas suas atitudes em relação a poder e política são completamente diferentes. Um quer politizar tudo que toca, o outro, despolitizar.
ARTE!Brasileiros – Que tipo de reações você teve os entrevistados, após a publicação de O Que É um Artista?
Sarah Thornton – A maioria dos entrevistados estava contente por participar da publicação. Por exemplo, o mexicano Gabriel Orozco, que numa citação presente na introdução do livro fala algo como “todos nós fomos retratados usando apenas nossas roupas de baixo, mas alguns de nós puderam manter as meias”. Os escritores que conseguem acesso aos artistas frequentemente sofrem uma pressão para fazer um retrato edulcorado deles. Para mim, é importante tratá-los respeitosamente, e com justiça, mas não como santos, ou criar ainda mais mistificação a seu redor. Este mundo já tem muito disso. Alguns deles inicialmente não queriam estar no livro. Um dos capítulos sofreu uma chegam de fatos por parte de advogados de uma artista. Até assinei um acordo em que deixávamos claro que ela não poderia me processar em qualquer lugar do universo. Damien Hirst me odeia. Mas acho que Hirst fez coisas que são fascinantes do ponto de vista histórico. O modo como ele se moveu através do mundo da arte foi inovador. Ele é um caso de estudo muito interessante para mim. E tem muito a ver com o que eu questiono no livro.
Leia mais:
Ciclo Arte e Mercado – Arte como valor
Serviço – O Que É um Artista?
Editora Zahar, 248 págs.
Tradução: Carlos Alberto Medeiros
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