A imprensa internacional repercute neste sábado (11) o aperto de mão informal e não previsto nas agendas oficiais dos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, na noite de sexta-feira (10), durante a Cumbre de Las Américas, reunião entre 35 chefes de estado americanos na Cidade do Panamá. De acordo com o jornal norte-americano New York Times, o maior efeito do encontro entre os dois deve ser a retirada de Cuba da lista de “Estados terroristas”, na qual a ilha caribenha figura há cerca de trinta anos. Se espera uma reunião bilateral para este sábado, um encontro histórico dada a distância cinquentenária entre os dois governos.
O aperto de mão desta sexta-feira (10) não é o primeiro ato entre os dois países nessa semana: a Casa Branca divulgou que os dois se falaram por telefone na quarta-feira (8) e, na quinta-feira (9), o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se reuniu com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no país centro-americano. O encontro informal entre Obama e Raúl aconteceu durante o jantar de boas-vindas em que, segundo o NY Times, eles ficaram na mesma mesa e separados apenas por duas pessoas.
Cumbre de Las Américas
A reunião entre chefes de Estado de 35 países americanos acontece entre sexta-feira (10) e este sábado (11), na Cidade do Panamá, capital panamenha. O encontro é organizado pela Organização dos Estados Americanos em períodos irregulares, não mantendo uma ordem. A primeira aconteceu em dezembro de 1994, em Miami, nos Estados Unidos, e a última havia sido em Cartagena de Índias, na Colômbia, em 2012. Bolívia, Chile, Canadá, México, Argentina e Trinidad e Tobago já haviam recebido o encontro em ocasiões anteriores.
A OEA reúne 35 países dos continentes americanos desde 2009, quando Cuba entrou no grupo após uma suspensão de cerca de 40 anos imposta pelos Estados Unidos. A ilha foi desfiliada da entidade em 1962, três anos após a Revolução Cubana, que triunfou em 1959. A resolução que impedia os cubanos de participarem da reunião foi suspensa em 2009, mas a ilha resolveu participar do encontro pela primeira vez apenas neste ano. Os Estados Unidos, ao contrário, estão sempre presentes: Obama estava em Cartagena em 2012.
Na abertura do evento, nesta sexta-feira (10), o secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, disse que espera que essa Cumbre de Las Américas “seja feita de compromissos de paz, crescimento econômico, segurança e melhor distribuição de riqueza”. Ele também mencionou as últimas vitórias alcançadas pela organização, como os acordos de paz na Colômbia entre o governo e as FARC e a reaproximação entre Cuba e EUA. “Nos reunimos com grande alegria por esse momento histórico”, afirmou.
Um pouco antes, ele leu uma mensagem do Papa Francisco, que pediu que os chefes de Estado “enfrentem os problemas com realismo” e que “se esforcem para superar as diferenças no caminho para o bem comum”.
Protestos
Grupos contrários e favoráveis ao regime cubano entraram em conflito nesta sexta-feira (11) por diversas vezes durante a aparição pública de Raúl Castro ou de outras autoridades cubanas na Cidade do Panamá. É a primeira vez que a ilha participa da reunião, que acontece desde 1994. Depois, em um discurso de Obama em um fórum em que estavam presentes grupos dissidentes cubanos e venezuelanos, o presidente norte-americano disse que “os tempos em que a agenda dos EUA neste hemisfério quase sempre presumiam uma interferência do país na América Latina acabaram”. Em seguida, ele afirmou que os Estados Unidos “fortaleceriam os calados”.
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