“Não tenho a menor dúvida de que vivemos uma situação preocupante. Mas não há motivo algum para desespero. O Brasil é muito, mas muito melhor hoje do que era 20, 30 anos atrás. É que a gente tem pressa e nem sempre possui a clareza dos processos históricos, que são complicados. Querer a volta dos militares é crime. Além disso, a democracia é um sistema complexo. Só que ainda não há nenhum outro melhor, como dizia Winston Churchill.
Às vezes, dá a sensação de que a mão está sangrando de tanto dar murro em ponto de faca, mas acredito, sim, que as próximas gerações vão viver em um país melhor do que eu vivi. Certamente, há eleitores descontentes com o PT, eleitores que se desiludiram com o partido. Mas não é todo o povo brasileiro. Além disso, qualquer manifestação é legítima, desde que não seja carregada de ódio. Não se faz política com ódio. Acho até risível a dificuldade de as pessoas assumirem aquilo que são. Como essa gente gosta de um autoengano! Nós somos da elite branca. Comemos de garfo e faca desde que nascemos, fazemos três refeições por dia, fomos para o colégio, entramos na faculdade. Qual é o problema? E a elite branca deve se manifestar, mas as pessoas só querem se apegar naquilo que discordam.
O que preocupa é que toda essa movimentação contra o atual governo eleito democraticamente me parece primária politicamente, além de histérica. Sigo o que Gramsci, grande filósofo marxista italiano, pregava: ‘Sou pessimista na análise, mas otimista na ação’.”
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