O corpo do escritor uruguaio Eduardo Galeano será velado publicamente até às 22h desta segunda-feira (13) no Palácio Legislativo, em Montevidéu, informou o Ministério de Educação e Cultura do Uruguai em seu site. No início da tarde houve uma cerimônia restrita aos amigos próximos e familiares no hospital Samu 2, onde ele faleceu, na capital uruguaia. Ainda não há informações sobre o local do sepultamento.
Eduardo Galeano morreu devido a complicações de um câncer no pulmão do qual ele lutava há algum tempo. Ele tinha 74 anos e deixa esposa e três filhos.
A imprensa do país se voltou totalmente para o assunto desde que a confirmação da morte foi dada pela família de Galeano, na manhã desta segunda. A revista Semana, por exemplo, relembrou o dia em que o escritor minimizou o fato do então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ter concedido a Barack Obama, dos Estados Unidos, um exemplar de As Veias Abertas da América Latina, em 2009. Na ocasião, o livro saiu da posição 60.280 da lista dos mais vendidos da Amazon para a décima colocação. “Nem Obama nem Chávez entenderiam o texto. Chávez entregou a Obama com a melhor intenção do mundo, mas entregou a Obama um em um idioma que ele não conhece. Então, foi um gesto generoso, mas um pouco cruel”, afirmou à época.
O jornal El Observador, por sua vez, divulgou que a editora Siglo XXI, em que ele publicava seus textos, vai lançar ainda neste ano uma antologia que estava sendo preparada por Galeano, chamada Mujeres, que reúne escritos dele sobre o sexo feminino. A obra deverá ser lançada no mês que vem na Argentina, México e na Espanha.
Galeano
O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano morreu no início da manhã desta segunda-feira (13) em Montevidéu.. De acordo com a publicação, ele estava lutando contra um câncer na região da cavidade torácica, mas o tumor entrou em metástase. Ele tinha 74 anos e deixa esposa e três filhos.
A reportagem de Brasileiros entrou em contato com Galeano há um mês, na capital uruguaia, para pedir entrevista, mas o escritor recusou alegando “estar muito doente”. Segundo colegas jornalistas do Semanário Brecha, publicação que colaborava com menos vigor nos últimos meses, ele não aparecia nas reuniões de pauta desde o ano passado, mesma resposta dada pelos garçons e pelo gerente do Café Brasilero, na Plaza Independência, que Galeano costumava frequentar e até conceder entrevistas.
Em 2011, o jornalista Washington Luiz de Araújo, de Brasileiros, entrevistou Galeano em Montevidéu, ocasião em que ele se preparava para lançar O Filho dos Dias. “É curioso como este nosso planeta está trabalhando com tanto entusiasmo para sua própria aniquilação. São negados alguns dos direitos humanos dos mais elementares de todos. Por exemplo, o direito de respirar. Quando era menino, a mestra me dizia: ‘Respirar Eduardito, é o que é importante’. E respirar está cada vez mais difícil, pois o ar está envenenado, principalmente nas grandes cidades”, disse à época.
“Eu lamento muito. Galeano foi um cronista da nossa história. Um jornalista sem medo da verdade, um homem combativo, o que é uma coisa muito rara. Seu livro As Veias Abertas da América Latina fez a cabeça da minha geração toda. É uma obra que deveria ser trabalhada nos cursos de jornalismo. Mesmo no ensino fundamental como introdução à história da América Latina. Ele aborda de forma brilhante o movimento da economia regional, por exemplo, o ciclo da borracha na Amazônia, em Manaus”, afirmou o escritor Milton Hatoum à Brasileiros.
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