O brasileiro Rodrigo Gularte Muxfeldt, de 39 anos, foi fuzilado no início da tarde desta terça-feira (28), na prisão de Nusakambangan, ao norte da capital da Indonésia, Jacarta. Além dele, outros sete condenados – entre eles um cidadão indonésio – foram executados por crimes relacionados ao tráfico de drogas. A informação foi confirmada por agências de notícias internacionais e pelo jornal local Jakarta Post.
Os mortos são o indónésio Zainal Abidin, os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, os nigerianos Sylvester Obiekwe Nwolise, Raheem Agbaje Salami e Okwudili Oyatanze e o ganês Martin Anderson. A filipina Mary Jane Fiesta Veloso, que também estava na lista, foi retirada de última hora depois que outra mulher se apresentou à polícia dizendo-se culpada pelo crime do qual ela tinha sido acusada.
Rodrigo Gularte Muxfeldt foi preso em 2004 por porte de seis quilos de cocaína e condenado à morte um ano depois. Segundo a defesa, ele sofria de problemas mentais, o que impediria a sua execução.
De acordo com o Jakarta Post, após as execuções foram feitas orações para cada um dos executados de acordo com as religiões de cada um e, antes das mortes, todos os prisioneiros tiveram direito a fazer um pedido. Foi a segunda rodada de fuzilamentos da Indonésia. A primeira foi em janeiro, quando seis presos – entre eles o brasileiro Marco Archer Moreira – foram mortos.
No sábado (25), o governo indonésio havia enviado a notificação das execuções aos prisioneiros, mas concedeu um tempo de espera ao francês Serge Atlaoui, de 51 anos, devido a um recurso que está tramitando na justiça indonésia. Segundo a sua defesa, ele não pode ser considerado culpado porque não foi flagrado explicitamente mexendo com drogas. Atlaoui foi preso em Jacarta há dez anos durante uma operação policial que descobriu um laboratório de ecstasy no mesmo lugar onde ele trabalhava como mecânico. Nesta terça-feira (28), o porta-voz do procurador-geral da Indonésia, Tony Spontana, reafirmou que, se o recurso for rejeitado, Atlaoui será executado sozinho em um período próximo.
A embaixadora da França em Jacarta, capital da Indonésia, Corinne Breuzé, afirmou na semana passsada que “as relações bilaterais entre os dois países sofrerão consequências” caso o artesão francês seja executado pelo Estado. Nesta terça-feira, a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Julie Bishop, também disse que as relações entre os países sofrerão consequências e criticou o que denominou de “comportamento caótico” do governo indonésio.
O governo brasileiro – assim como fez com Marco Archer, morto em janeiro na mesma ilha indonésia – manteve esforços para evitar a morte de Gularte. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse, no sábado, que o governo prosseguiu os contatos regulares de mais “alto nível” com Jacarta, para tentar convencer a Indonésia a suspender a execução por razões humanitárias, uma vez que Gularte sofria de esquizofrenia. A embaixada indonésia chegou a considerar como “inaceitável” a morte de Gularte.
No domingo, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon também pediu ao governo indonésio para não executar as nove pessoas, reiterando a tradicional oposição da instituição à pena capital. Países como França e Austrália também demonstraram repúdio ao ato. O presidente do país asiático, Joko Widodo, considerado o principal artífice das execuções, não se manifestou sobre o assunto.
Marco Archer
O instrutor Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi fuzilado em janeiro, na ilha de Nusakambangan, pelo governo da Indonésia. Ele foi condenado à morte por tráfico de drogas após tentar entrar com 13,4 quilos de cocaína no país, em 2003. Foi o primeiro brasileiro da história a ser condenado à morte e executado posteriormente fora do País.
Na ocasião, o governo brasileiro convocou o embaixador do Brasil em Jacarta, capital da Indonésia, Paulo Alberto da Silveira Soares, para consultas em Brasília. No protocolo das relações internacionais, o gesto é compreendido como um agravo no contato entre dois países. A Holanda fez o mesmo dias depois. O assunto foi um dos mais comentados no site de Brasileiros em janeiro, depois que Archer foi executado.
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