Fora de seus compromissos oficiais, o presidente da França, François Hollande, se encontrou nesta segunda-feira (11) com o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, em Havana, capital do país que visitou oficialmente durante o dia. Foi a primeira visita de um chefe de Estado francês à ilha desde a chegada ao poder dos revolucionários, em 1959. De acordo com o jornal Le Monde, a reunião aconteceu na casa de Fidel, na capital cubana, e durou 40 minutos. “Tinha diante de mim um homem que fez história. Há um debate sobre qual o seu lugar e quais serão suas responsabilidades na história, mas eu queria conhecer Fidel Castro”, disse o presidente após o encontro.
“Havia uma curiosidade pessoal [de François Hollande] em conhecer Fidel Castro. Ele aproveitou que estava lá para isso”, disse ao Le Monde o conselheiro diplomático Jacques Audibert, que viaja com o presidente pelo Caribe. Depois do encontro, o presidente francês se mostrou satisfeito com a conversa. “Eu o encontrei muito alerta. Ele queria discutir, mostrou acuidade intelectual e reflexão, está procurando informações na internet constantemente”, afirmou Hollande. Ainda de acordo com a publicação, Fidel também falou sobre o reconhecimento que gosta de conceder à Revolução Francesa, sobre seu amigo François Mitterrand e sobre as dores que sente nas articulações. Hollande, por sua vez, fez campanha pelo fim do embarco econômicos dos Estados Unidos à ilha caribenha. “A França fará de tudo para que essa abertura possa se confirmar”, completou.
O presidente francês também refutou as críticas feitas pela imprensa francesa, de que a viagem a Cuba teve um caráter ideológico – François foi eleito pelo Partido Socialista da França. “A viagem não teve esse sentido. O simbolismo de Cuba não é apenas na política interna. Ela fala para o mundo, para visitar Cuba, não apenas aqueles que querem furar um pôster de Che Guevara”, afirmou.
O jornal Le Figaro, de direita, não poupou críticas a Hollande, dizendo que o presidente deveria sentir culpa de se encontrar com um “ditador” e que a “esquerda francesa é complacente com uma ditadura do pior tipo”. E conclui: “Depois de sua visita a Fidel Castro, Hollande planeja colocar flores no mausoléu de Lênin e tomar chá com Kim Jong-un?”, publicou, repercutindo declarações de políticos oposicionistas franceses.
Negócios
Durante a visita oficial, Hollande se encontrou com o presidente de Cuba, Raúl Castro, com quem conversou sobre a abertura de negócios no país latino e participou de cerimônias oficiais, como o ato de deixar flores no mausoléu do heroi nacional, José Martí. Em seguida, o presidente francês concedeu uma palestra na Universidade de Havana, onde disse que “a América Latina e o Caribe se converteram em uma área geográfica protagonista no século XXI e, de certo modo, a França também faz parte desse protagonismo, porque a cultura e a língua francesas estão estendidas pelas Antilhas”.
O jornal francês Le Monde divulgou que a companhia petrolífera Total, com sede na França, assinou contrato para o monopólio de venda de produtos em conjunto com a Cubapetroleo (Cupet). A empresa, no entanto, negou que o acordo contemple também exploração de petróleo no mar, informação que foi divulgada na imprensa cubana e por membros da delegação francesa. Nesta terça-feira, Hollande chegou a Porto Príncipe, no Haiti, na sequência de sua viagem pelo Caribe.
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