A vida é muito curta pra tomar cerveja ruim

Gustavo Zuliani, da Mistura Clássica - Foto: Arquivo Pessoal
Gustavo Zuliani, da Mistura Clássica – Foto: Arquivo Pessoal

De olho nos EUA
Os rótulos da Mistura Clássica têm graduação alcoólica de 4% a 11%. Haverá uma linha ainda mais forte

Há 12 anos, Gustavo Zuliani Felício se associou a dois amigos e criou a Mistura Clássica, em Volta Redonda (RJ). Investiram o equivalente a R$ 1 milhão e a marca foi uma das primeiras cervejarias artesanais no Rio de Janeiro. A base é a boa qualidade da água, tratada previamente. São 12 cervejas de linha e mais dez sazonais, segundo Felício. Estas últimas são ofertadas a cada mês, caso da Mary Help Vienna Lagger, que constou do catálogo em maio. A graduação alcoólica das cervejas vai de 4% a 11%. “Vamos ter uma linha com grau maior”, diz Felício. Para tanto, ele importou barris de carvalho francês, com blend de vinho do porto e whisky. “A cervejaria tem no portfólio estilos inspirados nas escolas americana, belga, alemã e brasileira.” No total, o empreendedor emprega 40 pessoas, sendo 20 na fábrica, dez no bar e dez em quiosques de chopp. A capacidade instalada da Mistura Clássica permite a fabricação de 50 mil litros ao mês. As vendas são feitas para quase todo o País. Apenas regiões mais longínquas são impossíveis, pela falta de infraestrutura e demora na entrega, o que prejudica a qualidade da cerveja. A taxa de crescimento do negócio em 2014 foi de 39%. Para este ano, o empresário estima 35%. A Mistura Clássica teve duas cervejas premiadas com medalha de ouro no Mondial de La Bière em 2014: Beatus e Vertigem IPA. Felício esteve na Califórnia (Estados Unidos) em abril e prepara um projeto para a exportação de seus rótulos para o país vizinho.

O hobby se tornou realidade
Tudo começou com a fabricação para consumo doméstico. Foram investidos R$ 2 milhões e a empresa começou a operar em junho de 2013

Pedro Flávio Reis Filho era dono de um supermercado, em Palmas (Paraná) e tinha por hobby fabricar cervejas em casa. Ganhou vários concursos. Em junho de 2013, associou-se a cinco amigos e passaram a produzir o líquido profissionalmente. Investiram cerca de R$ 2 milhões. Em uma área rural a 4 km do centro da cidade com um projeto turístico, a Insana conta com uma área de 30 mil m2, sendo 750 m2 de área construída, a cervejaria disponibiliza um espaço gourmet para recepção de clientes (com reserva), em um amplo jardim. “A região é de clima frio, altitude elevada e água cristalina. Combinação perfeita para cervejas de alta qualidade e sabor único”, afirma. A cervejaria tem seis rótulos. Cinco são de linha: Chocolate Porter (o diferencial da marca, escura de alta fermentação, não leva chocolate na receita, mas lembra no sabor por meio da combinação dos maltes), American Pale Ale, Gold, Weizen e Weizen Super Muffato Araucária. Há um último sazonal: Pinhão Barley Wine. O teor alcoólico vai de 4,7 a 8,5 graus. Foi premiada no Concurso Brasileiro de Cervejas, realizado em paralelo ao Festival Brasileiro da Cerveja em Blumenau (SC), no ano de 2013. Hoje, a empresa emprega 11 funcionários e produz, em média, 30 mil litros por mês. Não está em seus planos investir, porque o negócio tem uma boa ociosidade. A empresa vende para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul e agora vai também atingir as regiões Norte e Nordeste. A Insana exporta para o Japão. 

Caio Guimarães, da Amazon - Foto: Reprodução/ Amazon
Caio Guimarães, da Amazon – Foto: Reprodução/ Amazon

Direto de Belém do Pará
A Amazon Beer usa ingredientes amazônicos em suas cervejas, como frutos, sementes e raízes. Mensalmente, são vendidos 100 mil litros da bebida

A Amazon Beer foi fundada em 2000, em Belém do Pará, pelo empreendedor Caio Guimarães e seu pai Arlindo. Ambos eram apaixonados por cerveja e costumavam fazer degustações no exterior. “A chegada foi revolucionária no Pará”, conta Guimarães, que hoje emprega 76 pessoas na fábrica e no bar de mesmo nome da cervejaria. Mensalmente, são vendidos 76 mil litros da bebida. O diferencial do produto é a utilização de ingredientes amazônicos, como frutas, sementes e raízes. São sete tipos, de teor alcoólico que vai de 3,5% a 7,6%. A cerveja Forest Bacuri, por exemplo, é produzida com sementes de bacuri, fruto amazônico de sabor ácido e adocicado. Rico em fósforo, cálcio, ferro e vitamina C, a fruta é diurética, cicatrizante e tem substâncias anti-inflamatórias. A taperebá, também conhecida como cajá e presente na Witbier Taperebá, é um fruto da Amazônia riquíssimo em cálcio, fósforo e ferro. Já o açaí, reconhecido pela alta quantidade de ferro que contém, está na receita da Stout Açaí, que foi eleita a melhor cerveja do Brasil, em 2014, no Concurso Brasileiro de Cervejas. O investimento inicial foi de aproximadamente US$ 1,5 milhão. A taxa de crescimento da empresa neste ano deve ser superior a 30%, diz Guimarães. O avanço expressivo se deve à busca por outros nichos, como entrega de chopp em domicílio e o lançamento do seu Beer Truck. O empreendedor pretende em breve exportar para Estados Unidos e Japão. Licenciou ainda a marca para um fabricante no Reino Unido. 

Marcel Longo, da cervejaria Dortmund - Foto: Reprodução
Marcel Longo, da cervejaria Dortmund – Foto: Reprodução

Zelo pelo meio ambiente
Caldeiras à lenha são usadas pela Dortmund, com material proveniente de madeiras de reflorestamento das indústrias da região

A Cervejaria Dortmund é a única microcervejaria do Brasil que utiliza caldeira à lenha proveniente de madeiras de reflorestamento e sobras das indústrias moveleiras da região, portanto, a produção é totalmente livre de gás natural. Além disso, possui uma reserva de mata atlântica de 40 alqueires na área da fábrica, que neutraliza totalmente todas as emissões de CO2 oriundas da produção. De acordo com o proprietário Marcel Longo, a companhia foi fundada em 2011, com investimento inicial de R$ 600 mil. Situada em Serra Negra (São Paulo), a cervejaria fabrica cinco rótulos e vende 15 mil litros por mês. Oferece ainda três tipos de chop: Pilsen, Witbier e Stout. Tem clientes em 18 Estados brasileiros e emprega sete funcionários. “Sempre gostei de cerveja, principalmente as importadas”, afirma. Em 2000, começou a estudar, fazer cursos e viajar para o exterior, para ter toda a expertise do processo. A Dortmund tem crescido à taxa de 20% ao ano e espera no médio prazo exportar para Estados Unidos, Alemanha e Japão. Longo acredita que há muitos aventureiros nesse mercado, que oferecem produtos de baixa qualidade. Mas que haverá uma depuração em cinco anos. Ele atribui o crescimento da oferta de cervejas artesanais ao fato de que a qualidade das tradicionais vem piorando muito. “Um tempo atrás, o consumidor fazia suas escolhas com base no preço. Com a melhora no poder aquisitivo da população, poucos se importam pagar três vezes ou mais para fazer uma degustação de qualidade.


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