A agência americana que regulamenta alimentos e medicamentos, a FDA (sigla em inglês), determinou nesta terça-feira (16) à indústria alimentícia que remova qualquer indício de gordura trans dos seus produtos. A adequação deve acontecer no prazo máximo de três anos. A nova regra está amparada em um conjunto sólido de estudos científicos comprovando que o consumo da gordura trans eleva o nível de colesterol ruim e reduz o bom colesterol, o HDL, considerado um protetor das artérias.
Conforme assinalou no comunicado feito à imprensa, a agência afirma que “os óleos vegetais parcialmente hidrogenados, principal fonte de gordura trans nos alimentos processados, não são geralmente considerados seguros para serem utilizados na alimentação humana.”
A medida coroa um processo de contenção da presença do nutriente iniciado 2006, quando a agência FDA determinou aos fabricantes a necessidade de indicar a quantidade do nutriente no rótulo. Desde então, verificou-se uma redução de mais de 70% no consumo de gordura trans.
De modo geral, há uma tendência mundial de redução do nutriente e de substituição pelo óleo de palma.
O que é a gordura trans
Trata-se de um dos mais poderosos inimigos da saúde. Foi desenvolvido pela indústria para aumentar o prazo de validade dos alimentos e realçar seu sabor. A partir dos anos 1980, virou ingrediente essencial em biscoitos recheados, bolos, sorvetes, chocolates e fast-foods. Nos anos seguintes, porém, os estudos mostraram que a trans é a mais temida das gorduras e começou um movimento mundial pela redução das quantidades.
Alguns alimentos que podem conter o ingrediente – Biscoitos recheados, biscoitos crocantes e assados
– Chocolates
– Salgadinhos de pacote e/ou congelados
– Sorvetes de massa
– Massas e pizzas congeladas
– Bolos prontos
– Pipoca de microondas
Por que é ruim
“O nosso organismo não consegue metabolizar a gordura trans, que é artificial”, explica a nutricionista Maria Luiza Ctenas, da C2 Editora e Consultoria em Nutrição, de São Paulo.
A especialista ensina: “Como a gordura trans se acumula no corpo, eleva os níveis de colesterol ruim (LDL) e diminuiu o colesterol bom (HDL). Essas alterações nas taxas aumentam o risco de doenças como infarto e acidente vascular cerebral.”
Como é fabricada
A gordura trans é artificial. Ela surge de uma reação química que transforma óleos vegetais saudáveis (como canola, girassol, milho ou soja) em um tipo de gordura sólida que é adicionada a alimentos processados para dar consistência e sabor. Por isso, é chamada de gordura vegetal hidrogenada.
Há ainda um tipo natural de gordura trans que é encontrado em carnes, mas neste caso sua composição permite que o nutriente seja metabolizado pelo organismo humano.
O que diz a legislação brasileira
Determina que a quantidade seja informada no rótulo. Não existe lei que determine a retirada do ingrediente, mas há um compromisso firmado entre o governo e a indústria que prevê a redução gradual da gordura trans adicionada aos alimentos, estabelecendo metas.
Em seu site, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária sugere que o consumo diário não ultrapasse 2 gramas de gordura trans por dia (é a recomendação da Organização Mundial de Saúde). Pode ser o equivalente a três biscoitos recheados.
Alimentos com menos de 0,2 g de gordura trans podem trazer no rótulo a inscrição “não contém trans” ou “livre de trans”
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