Artesão da relação Brasil-França

Em encontro com empresários franceses, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostou na capacidade de o Brasil dar a volta por cima e retomar o crescimento. “Da outra vez que vocês estiveram aqui, eu fui muito otimista com relação ao Brasil. E hoje estou mais otimista ainda”, disse Lula em palestra na casa consular da França em São Paulo, para mais de 40 empresários que participaram na segunda-feira 15 da terceira edição do Fórum Econômico Brasil-França.

Apresentado pelo cônsul geral Damien Loras como “o incansável artesão da relação franco-brasileira”, Lula lembrou aos empresários que o País mudou e os brasileiros estão cada vez mais exigentes. “Quem subiu um degrau na escala social não quer voltar atrás. Quem conseguiu entrar na universidade, agora quer melhores empregos. Quem fez uma viagem de avião, não quer mais andar de ônibus”, afirmou. “Tem gente que subiu na escala social, que está indo para Paris. As pessoas querem conhecer a Europa, outros lugares do mundo.”

Embora tenha destacado o processo de ascensão social registrado nos últimos 12 anos, o ex-presidente também fez uma autocrítica: “Em alguns momentos, nós exageramos, chegamos a fazer uma dívida, a ter um gasto público que não precisaríamos ter”. Não por acaso, na sequência ele defendeu o ajuste na economia promovido pelo governo Dilma Rousseff. E convocou os franceses a investirem mais no País: “O comércio Brasil-França em 2014 foi de apenas R$ 8,6 bilhões. Muito pequeno. Tinha sido de R$ 10 bilhões em 2012”, lembrou. “O Brasil e a França têm um potencial de trocas infinitamente maior do que o que existe hoje.”

Uma das questões que instigava os empresários franceses que participaram do encontro era saber se Lula pretende disputar o Palácio do Planalto em 2018. Esta foi a primeira pergunta dirigida ao ex-presidente após a palestra. Lula não se fez de rogado. Respondeu que tem muitas razões para não ser candidato, a começar pelas pouca possibilidade de se repetir o que foi feito entre 2003 e 2010, sobretudo entre 2007 e 2010: “Fico sempre com medo do fracasso. Tive medo do segundo mandato e muito mais medo de um terceiro, porque a expectativa é ainda maior”.

A situação político-econômica do País, no entanto, é a razão fundamental para que ele não responda à pergunta de forma definitiva. No momento, Lula acredita que a discussão fundamental é sobre como voltar a crescer, a atrair investimentos. Quando o Brasil voltar a dar certo, defende o ex-presidente, ficará mais fácil escolher o candidato. “Temos muita gente nova disputando cargo, querendo ser presidente da República”, afirmou. “Eu já ficaria contente se a companheira Dilma Rousseff terminar o seu mandato de forma extraordinária, com uma grande aprovação do povo brasileiro, fazendo a economia brasileira voltar a crescer e fazendo o Brasil voltar a ter a respeitabilidade que conquistamos no mundo nos últimos 12 anos”. Ainda assim, Lula preferiu não descartar totalmente a possibilidade de disputar a sucessão presidencial: “Não tenho a pretensão, não acho que é o caso, mas em política a gente nunca pode dizer nunca mais”.


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