O Ministério das Relações Exteriores disse, em nota divulgada na madrugada desta sexta-feira (19), que o governo brasileiro vai pedir explicações à Venezuela pela hostilização sofrida por senadores do Brasil em uma estrada de Caracas, na tarde desta nesta quinta-feira (18). O Itamaraty também afirmou que os atos “são inaceitáveis” e que “lamenta os incidentes que afetaram a visita da Comissão Externa do Senado”.
A nota foi divulgada momentos antes da chegada dos senadores à base aérea de Brasília. Eles viajaram em um avião da Força Aérea Brasileira na quinta pela manhã, mas não conseguiram sair da região do aeroporto de Maiquetía, onde iriam visitar o opositor do governo, Leopoldo López, em uma prisão na região metropolitana da capital venezuelana.
O plenário do Senado aprovou ainda na quinta-feira a ida de uma nova comissão a Caracas, com a finalidade de “verificar in loco a situação política, social e econômica” do país. O grupo será formado pelos senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). No requerimento de criação da comissão, os senadores alegam que o outro grupo que foi hostilizado pelos venezuelanos “não atende às exigências de isenção e imparcialidade que a gravidade do momento delicado requerem”.
O requerimento diz ainda que “os ilustres senadores que compõem aquela comissão marcam o seu discurso pela indução ao acirramento dos ânimos, tanto para atingir objetivos na política interna brasileira (desgaste político do governo federal), como para fortalecer um dos lados na disputa democrática venezuelana”.
A expectativa é que o novo grupo de senadores brasileiros chegue ao país na próxima quarta-feira (24). O grupo que esteve em Caracas teve o veículo que usaram para sair do aeroporto atacado e a comitiva foi insultada por manifestantes. Eles tinham o objetivo de conversar com as famílias de políticos opositores ao governo que estão presos. A comissão foi formada, em sua maioria, por oposicionistas ao governo da presidenta Dilma: os senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Aécio Neves (PSDB-MG), José Medeiros (PPS-MT), José Agripino Maia (DEM-RN), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Também foi aprovada no plenário do Senado uma moção de repúdio ao tratamento que eles receberam no país vizinho.
A Câmara dos Deputados interrompeu a votação que estava em curso sobre a desoneração da folha de pagamento por causa do ocorrido. No momento em que a notícia chegou ao plenário, estava em discussão o requerimento de retirada de pauta do projeto do Executivo que aumenta alíquotas incidentes sobre a receita bruta de empresas enquadradas na desoneração da folha de pagamentos, que substituem a contribuição social patronal.
Como as manifestações de repúdio à atitude de venezuelanos aos senadores brasileiros se prolongaram, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou que não convocaria nova sessão, destinada a continuar a votação do projeto do governo, que é o último do ajuste fiscal a ser aprovado. Com isso, a sessão foi encerrada.
Vídeo de um canal venezuelano do momento do ataque de manifestantes:
Deixe um comentário