O povo grego decidiu, em referendo neste domingo (5), que não aceitará o pacote de austeridade dos credores (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) em troca de ajuda financeira para pagar sua dívida. Com mais de 80% das urnas apuradas, o “Não” lidera com 61,57% dos votos, enquanto o “Sim” registra 38,43% dos votos. A decisão vai ao encontro do que defende o governo da Grécia.
O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras disse que o resultado não significa a saída da Grécia da zona do euro e que retomará as negociações. Para Tsipras, o referendo mostra que a democracia não pode ser chantageada.
Com a rejeição às exigências, são grandes as chances de não haver acordo com os credores e de o país acabar criando uma moeda própria, o que provavelmente levará à saída do país da zona do euro. Dentro as medidas rejeitadas, está o corte de aposentadorias e o aumento de impostos.
Para os economistas e vencedores do prêmio Nobel, Paul Krugman e Joseph Stigltiz, o “não” no referendo é o melhor caminho para a Grécia. Para Krugman, é justamente a austeridade que levou o país à situação problemática atual – ainda que diga que os gastos antes da crise tenham sido excessivos. Segundo ele, mais austeridade diminuiria a arrecadação e levaria a Grécia a uma crise ainda maior.
Stigltiz defende que os ajustes que já foram feitos, sob exigência anterior dos credores, só pioraram a crise, e que o “não” ao menos dá à Grécia a “oportunidade de moldar o seu futuro”.
O líder do principal partido da oposição grega e ex-primeiro ministro Antonis Samaras, pediu demissão do cargo. “Compreendo que nosso grande partido precisa de um novo começo”, disse, em breve aparição transmitida pela televisão. Samaras liderou a campanha pelo Sim no referendo de hoje na Grécia sobre as propostas de credores internacionais. Evangelos Meimarakis, ex-presidente do parlamento e atual deputado, é o número dois do partido Nova Democracia, de centro-direita e deve assumir o posto.
Mais de uma hora antes da divulgação oficial do resultado do referendo, a celebração da vitória do Não já ocorre na Praça Syntagma, em Atenas. Grupos de manifestantes chegam ao local carregando milhares de bandeiras gregas. Nas avenidas próximas à praça, é possível ouvir buzinas de automóveis em sinal de apoio às projeções que apontam a vitória do não no referendo.
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