O líder do MTST, Guilherme Boulos, e o psicanalista Christian Dunker debateram o avanço conservador no Brasil, com mediação da jornalista Laura Capriglione, nessa segunda-feira (6), em São Paulo.
Dunker deu início ao debate questionando se a ascensão do conservadorismo é, além de reação, um efeito das políticas colocadas em prática ao longo dos governos do PT na presidência. Boulos não nega os avanços que se deram nos últimos 12 anos, mas diz que o PT hoje “colhe o que deixou de plantar”. Segundo ele, existe o incômodo da classe média e da burguesia diante da melhora de renda dos negros e pobres, que agora passam a compartilhar espaços como aeroportos e faculdades. No entanto, a opção de não promover reformas estruturais, como tributária, agrária, urbana e de comunicações, também seria responsável por dar espaço a esse conservadorismo.
“O modelo de ascensão pelo consumo tem as suas limitações. Não podemos fazer a crítica hipócrita de quem sempre consumiu e agora acha ruim que pobre está consumindo. Mas temos que entender que esse modelo está formando cabeças de consumidores, e não de pessoas que lutam por direitos sociais”, diz Boulos. Para ele, o PT colocou em prática um pacto de conciliação que favorece a direita. “Quando se esconde o conflito social, se reforça o pensamento meritocrático. Sem conflito, tudo se resolve na negociação, e isso despolitiza”.
O líder do MTST também falou sobre o papel da esquerda no momento atual. “É complexo, mas temos que estar no fio da navalha e fazer os dois enfrentamentos: tanto ao ajuste fiscal e às medidas impopulares do governo Dilma, quanto ao conservadorismo e golpismo da oposição”.
Quanto à ameaça de golpe, Dunker disse ser um “risco desesperador”. “Falta organização da direita para acontecer, mas não é por falta de oportunidade”. Para a esquerda se organizar, o psicanalista disse que é preciso superar o sectarismo – ao mesmo tempo uma virtude um defeito, já que “fruto de uma paixão pelo purismo da transformação social desejada”.
Ao fim do debate, Boulos anunciou que a esquerda fará um ato contra o avanço do conservadorismo no dia 20 de agosto.
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