Após um longo debate que avançou pela madrugada deste sábado, o Parlamento grego aprovou, com o apoio de 250 dos 300 deputados, o programa de reformas apresentado na quinta-feira (9) por Atenas aos credores internacionais na tentativa de garantir um acordo sobre a dívida do país.
A votação histórica começou à meia-noite, no horário local. Na abertura dos trabalhos, o primeiro-ministro Alexis Tsipras pediu apoio dos parlamentares para evitar a saída do país da zona do euro. “Estamos lutando pelo direito do povo grego. Tenho certeza que essa batalha não será em vão”, enfatizou.
Do lado de fora do Parlamento manifestantes expressaram sua indignação com o pacote de medidas, que mantém boa parte das demandas dos credores internacionais rejeitadas por 61% da população no plebiscito do último domingo (5).
Na proposta, a Grécia pede uma ajuda financeira no valor de 53 bilhões de euros até 2018, além da reconfiguração de sua dívida e da revisão das metas do superávit primário, que estabelece quanto o governo pode gastar em relação ao que arrecada. Em compensação, Atenas promete 13 bilhões de euros em cortes nos gastos públicos, além de uma série de reformas que incluem pontos antes considerados polêmicos, como o fim da isenção de impostos sobre as ilhas gregas, o corte do complemento de aposentadorias para pensionistas mais pobres e a ampliação para 67 anos da idade de aposentadoria.
A aprovação do Parlamento grego garante mais credibilidade ao programa de reformas, que será analisado neste sábado (11) pelos ministros de Finanças dos países da zona do euro, o chamado Eurogrupo. As conclusões desta reunião serão fundamentais para a decisão que será tomada no domingo (12), em um encontro de emergência entre os chefes de governo de todos os países-membros da União Europeia.
Especialistas da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional passaram a sexta analisando o documento de 13 páginas para produzir uma análise de risco que será submetida aos ministros durante a reunião deste domingo (11). Informações divulgadas pela imprensa europeia apontam que a avaliação dos credores internacionais foi positiva, dando sinal verde para a liberação de mais um pacote de ajuda financeira à Grécia.
Há um grande otimismo na reta final das negociações. Vários líderes europeus vieram a público demonstrar satisfação com a proposta apresentada por Atenas. Ao que tudo indica, depois de cinco meses de duras negociações e de muito desgaste para os dois lados, um acordo será alcançado, afastando, pelo menos por enquanto, o fantasma da saída da zona do euro.
Contudo, entre a população o pacote não gerou as mesmas reações positivas. O ateniense Evangelos Kolilas, que trabalha como garçom em um restaurante local, disse que o ‘não’ à austeridade, expresso nas urnas do plebiscito de domingo, foi transformado em sim pelo governo. “Aonde chegaremos com tantos impostos? Vamos ter que vender tudo para pagar impostos?”, indagou.
Em Santorini, um dos principais destinos turísticos da Grécia, empresários e trabalhadores estavam revoltados. A gerente de restaurante, Fany Christou, acha que a subida dos impostos vai afetar os preços e prejudicar os negócios nas ilhas. “Altos impostos, altos preços para os consumidores. Não sei se será a melhor coisa”, disse.
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