“Era na diplomacia ou na guerra”, diz Obama sobre Irã

Barack Obama - Foto: Reprodução/whitehouse.gov
Barack Obama – Foto: Reprodução/whitehouse.gov

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta quarta-feira (15) que o acordo com o Irã foi uma oportunidade “que pode não voltar a acontecer a vida dos norte-americanos” e que, mais do que negociar com o país com quem manteve conflito ideológico por anos, “foi o melhor para assegurar que o Irã não tenha uma bomba nuclear”, ato considerado primordial para ele. As palavras foram ditas em um discurso na Casa Branca, um dia depois que um grupo de países anunciou a decisão em Viena, na Áustria, para críticas e elogios do Ocidente.

O acordo será votado no Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos – o parlamento do país é majoritariamente republicano e já mostrou tendência a rejeitar o projeto. Mesmo assim, Obama deixou claro em seu discurso que vai vetar qualquer decisão contrária do seu Legislativo, que só terá força substancial para brigar com a decisão do presidente se o acordo for rejeitado por dois terços da casa. “Eu espero que o Congresso leia e discuta os detalhes do acordo. Respeito o Congresso, mas minha esperança é que todo mundo avalie esse acordo se baseando nos feitos, não em poses políticas”, disse.

Obama também criticou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que no dia do acordo chamou a decisão de “erro histórico”. Ele disse que a preocupação do colega israelense é “legítima”, mas “de todas as objeções que lhe foram feitas, nenhuma propôs alternativa melhor”. “99% da comunidade internacional e a maioria dos técnicos nucleares olham para esse acordo e dizem que ele vai impedir o Irão de conseguir uma bomba nuclear. Se existem objeções, ao menos deveria ter alternativas. Mas na verdade, só temos duas alternativas: ou resolvemos por diplomacia ou pela guerra”.

o presidente norte-americano ainda afirmou que a negociação com o Irã não é a mesma que foi feita com Cuba – uma espécie de acordo de paz ou normalização de relações, que estão afetadas desde 1979. Nesta quarta-feira, a imprensa mundial questionou “qual será o próximo país a entrar em acordo com os EUA”, já que, em um prazo de sete meses, dois assuntos históricos da política externa foram – de certa forma – resolvidos: Cuba e Irã.

Acordo

Após mais de 30 anos de tensões entre os Estados Unidos e o Irã, um grupo formado por seis países e liderado por Washington anunciou na terça-feira (14), em Viena, na Áustria, um acordo nuclear para limitar a capacidade de enriquecimento de urânio de Teerã, que sofrerá sanções financeiras e outras penalidades caso continue mantendo bases nucleares em seu território. O jornal espanhol El País classificou a decisão como “histórica para o Oriente” e o estadunidense New York Times chamou-o de “acordo histórico”.

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, usou sua conta no Twitter para comemorar o acordo, que classificou como “não perfeito, mas sem perdedores, pois todos ganharam”. “[O acordo] mostra que o engajamento funciona. Com essa crise desnecessária resolvida, novos horizontes surgem com foco em desafios comuns. […] Após 23 meses de negociações, chegamos a um novo capítulo na história. […] Hoje inicia-se um novo capítulo para trabalharmos para o crescimento e desenvolvimento do nosso querido Irã. Um dia para a nossa juventude sonhar novamente com um futuro mais brilhante”, escreveu.

O primeiro resultado palpável do acordo será a restrição do Irã em acessar a bomba nuclear pelos próximos dez anos – acordo que, se descumprido, gerará sanções econômicas graves ao país. A ONU se responsabilizou por fiscalizar os reatores regularmente. Em Viena, os secretários de Estado dos EUA e do Irã, John Kerry e Javad Zarif, concordaram que o acordo também coloca os dois países juntos no combate ao Estado Islâmico, que age na Síria e no Iraque. “A ameaça que afrontamos, e falo no plural porque ninguém está a salvo, se encarna nos encapuzados que estão devastando o berço da nossa civilização”, afirmou Zarif.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.