“Não está entre os defeitos de Dilma a desonestidade”, diz Cardozo

Ministro José Eduardo Cardozo - Foto: Lula Marques/ Agência PT
Ministro José Eduardo Cardozo – Foto: Lula Marques/ Agência PT

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira (15) que “nenhum fato relacionado a desvio de dinheiro público, corrupção ou improbidade administrativa chegará perto da presidente Dilma Rousseff”. A afirmação foi feita durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ao ser perguntado sobre o assunto por integrantes da comissão. “Conheço a presidente há muitos anos. Tenho orgulho de conhecê-la. É uma pessoa de honestidade inatacável. Todas as pessoas têm defeitos, virtudes. Não está entre os defeitos da presidente Dilma Rousseff a desonestidade”, disse. “Até os adversários reconhecem”, completou

O ministro disse ainda que nunca recebeu qualquer tipo de orientação da presidente para intervir nas investigações conduzidas pela Polícia Federal. “Tenho muito orgulho de jamais ter recebido da presidente da República, jamais, qualquer orientação para obstasse, prejudicasse, desviasse as investigações que estão sob o meu departamento sendo conduzidas”. Ele também engrossou o coro de Dilma sobre os delatores: na viagem aos Estados Unidos, no mês passado, período em que Ricardo Pessoa, da UTC, revelou doações à campanha presidencial do ano passado, ela disse que “não acreditava em delatores”. Posteriormente, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Dilma explicou dizendo que a delação contém aspectos autoritários que são feitos de modos obscuros. A referência foi a mesma usada pelo ministro em sua fala. “Delações premiadas não são sentenças condenatórias. São guias de investigação. O delator pode falar a verdade, mentir ou falar meias baerdades. O que diz não tem valor probatório, tem de ser investigado”, afirmou.

Cardozo, em uma das partes do seu discurso que mais chamaram atenção, deu a entender que, se um candidato estiver ciente de que sua campanha está recebendo doação ilegal, precisa ser criminalizado. Porém, se ele não souber, não estará agindo de má-fé. “se eventualmente uma empresa pratica uma falcatura e doa dinheiro para alguém sem que esse alguém saiba, quem recebe não pode ser responsabilizado se estava de boa fé. Não podemos culpar alguém sem que soubesse da origem”, disse.

Sobre a Operação Politeia, que apreendeu documentos, carros de luxo e mais de R$ 4 milhões dos investigados, entre eles parlamentares, Cardozo explicou que a operação não foi conduzida pela Polícia Federal. “Quando temos investigações de pessoas com foro privilegiado [como parlamentares] não é a PF quem conduz, ela é apenas executora, quem conduz é o poder Judiciário”. De acordo com o ministro, a Politeia foi conduzida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e pelas decisões do ministro Teori Zavaski, do STF [Supremo Tribunal Federal]. Segundo Cardozo, a “polícia apenas cumpriu os mandatos”.

Cardozo foi convocado pela CPI da Petrobras para prestar esclarecimentos a respeito de uma escuta clandestina encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef, na Polícia Federal (PF), em Curitiba. Ele disse que está acompanhando o processo de sindicância, mas que não tem novas informações sobre o caso.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.