Governo de SP fez acordo com PCC em 2006, diz delegado

 

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Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital – Foto: Reprodução/ youtube.com

Um depoimento obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo revela que representantes do governo estadual selaram um acordo com o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas, o Marcola, para acabar com a onda de ataques da facção em 2006. Segundo a declaração do delegado José Luiz Ramos Cavalcanti, uma reunião teria acontecido dentro do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes.

As palavras do delegado foram proferidas durante depoimento em processo judicial que investiga advogados ligados ao crime organizado. Na época, em maio de 2006, ele teria sido um dos escolhidos pelo governo para participar do encontro com membros da facção. O governo de São Paulo sempre negou esta hipótese, admitindo apenas que teve de conversar com Marcola como uma das condições para o fim dos ataques.

A conversa entre Estado e PCC se deu através da ONG Nova Ordem, esta que defende os direitos dos presos e, na época, estava representando o Comando nas negociações.  A advogada Iracema Vasciaveo, então presidente da ONG, ficou encarregada de convencer Marcola de informar os membros da facção que estavam nas ruas que ele estava bem e não tinha sido torturado pelos policiais, como parte do acordo para encerrar os crimes pela cidade.

Os chefes das secretarias de Segurança Pública e da Administração Penitenciária, na época Saulo de Castro Abreu Filho e Nagashi Furukawa, respectivamente, aceitaram a ideia de Iracema e o então governador de São Paulo, Claudio Lembo, autorizou o encontro.

No depoimento, Cavalcanti alega que recebeu uma ligação dois dias após o início dos ataques convocando-o para uma viagem ao Presídio de Presidente Bernardes, para acompanhar a advogada Iracema. Além dos dois, o corregedor da Secretaria da Administração Penitenciária, Antonio Ruiz Lopes, também viajou e todos embaraçaram para Presidente Prudente a bordo de um avião da Polícia Militar. Chegando na cidade, encontraram-se com com o comandante da região, coronel Ailton Brandão, e seguiram para o presídio.

O delegado ainda contou que Ruiz Lopes e o diretor do presídio, Luciano Orlando, autorizaram a advogada a entrar com celulares. Todos foram colocados em uma sala com Marcola e, depois de se apresentar, a advogada pediu para o chefe da facção fazer uma ligação para pedir para outro criminoso cessar os ataques. Depois de certa insistência, Marcola aceitou a proposta. Ele chamou então um preso de sua confiança, Luis Henrique Fernandes, para fazer a ligação,

“LH foi trazido para a sala e Marcola disse que ele poderia falar ao telefone e dar a mensagem da advogada; LH concordou, e a advogada entregou o seu telefone, que já tinha um número previamente gravado na memória, para onde LH ligou e conversou com uma pessoa desconhecida”, disse Cavalcanti, segundo O Estado de São Paulo. “No fim daquele dia e no dia seguinte os ataques definitivamente pararam”, concluiu. A advogada Iracema Vasciaveo confirmou a versão do delegado.


Comentários

Uma resposta para “Governo de SP fez acordo com PCC em 2006, diz delegado”

  1. Avatar de Welbi Maia Brito
    Welbi Maia Brito

    No mesmo dia em que é divulgado dados que mostram que São Paulo está vencendo a criminalidade, sai esta matéria dizendo que o Governo fez acordo com facção criminosa. É flagrante a manobra para tirar o foco dos resultados positivos que o governo de São Paulo está conseguindo no combate à criminalidade. Cabe lembrar que Geraldo Alckmin não era governador à época. O partido político preferido pelo PCC é outro. O PT. Em 2011 foram descobertas gravações telefônicas da facção criminosa com ordem para matar o Alckmin.

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