Señor Trump presidente

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Donald Trump o extraterrestre bilionário residente em Nova York é candidato à nomeação pelo Partido Republicano às próximas eleições presidenciais americanas. Com isso causou o delírio dos humoristas, delírio de milhões de malucos e constrangimento de quem não leva a vida na brincadeira. Pudera: como pontapé inicial em sua campanha foi logo dizendo que o México propositalmente mandava estupradores, traficantes de drogas e outros assassinos aos Estados Unidos. Colocou desse modo os imigrantes oriundos do baixo do Rio Grande num mesmo pôster de “procura-se”. Prometeu solucionar a questão mandando construir, caso eleito, um muro de proporções gigantescas entre os dois países da América do Norte. E de arranha-céus o homem entende, pelo que se vê no corrompido skyline de Manhattan.

A promessa de sua plataforma, claro, causou choro, rangeres de dentes, gargalhadas e consternação, além do esfregar de mãos do democratas sempre encantados ao ver algum palhaço colocando fogo no circo republicano. Porém, a proposta merece algumas considerações que escaparam, até agora, da insuperável cacofonia diária dos analistas políticos das emissoras à cabo. Falham em fazer uma pergunta crucial: “Quem é que vai construir o tal muro?”. Sim, porque segundo Donald, caso eleito ele obrigaria o México a pagar a conta. Pode ser…mas de onde viria a mão de obra?

Ninguém, nem o Donald, consegue imaginar o exército de peões das obras que recebem a chancela “Trump” saindo de Nova York para mourejar sob o sol e calor dos desertos do Arizona, Novo México, Sul da Califórnia e Texas, onde até escorpião pega bronze. E outros bichos torram. Alguém acredita que os combativos irlandeses e italianos do Local 40 – o sindicato dos trabalhadores em estruturas de ferro de Nova York – iriam deixar para trás os prazeres das cervejadas e dos assovios disparados contra a mulherada que passa na rua? No deserto não tem Budweiser e com a boca seca não dá para assoviar.

Pelo que se vê atualmente nos canteiros de obra de todo o país, os trabalhadores de construções são cada vez mais oriundos do país vizinho ao sul. Ou seja: exatamente os criminosos que o México manda – a la Fidel Castro e seus marielitos nos anos 70 – para o norte. E estes, como já estão no palco de operações, não vão querer voltar para perto da linha fronteiriça que deixaram para trás. A solução, então, seria contratar mexicanos que ainda estão no México. Aqueles que, talvez, por não terem cometido crime algum, não foram agraciados com a loteria do exílio gratificante concatenado pelo governo de seu país.

Americanos da gema, gringos originais, sabe-se, são avessos a pegar no pesado em trabalhos bestiais. Ferramentas para estes são apps, softwares – e bota soft nisso! – e smartphones. Desse modo, serão os mexicanos que colocaram mãos às obra. Milhões deles. Resta saber de que lado do muro ficarão quando a obra bíblica de Trump ficar pronta. Sim, porque dada a oportunidade, é de se imaginar que a turma fechará a muralha estando do lado norte. Se eu fosse mexicano sairia por aí gritando: “Trump Presidente!”.


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