Um dos maiores líderes revolucionários da história completa 89 anos de vida nesta quinta-feira. Fidel Alejandro Castro Ruz, ou simplesmente Fidel Castro, é um nome marcante para todo cidadão latino-americano. Nascido em 1926, filho de um soldado espanhol e uma camponesa, o guerrilheiro cubano mostrou ao mundo a que vinha 27 anos depois, quando liderou o assalto ao quartel Moncada, em julho de 1953, reunindo 131 homens a fim de derrubar o presidente Fulgêncio Batista, amparado pelo imperialismo norte-americano.
Apesar da sede pela mudança, a investida fracassou e 55 combatentes que eram liderados por Castro foram presos, torturados e mortos pelos militares. Capturado dias depois, Fidel também teve sua morte decretada, mas um sargento do Exército, Pedro Sarría, se negou a cumprir as ordens. Mesmo assim foi condenado a 15 anos de cadeia, que acabaram se transformando em dois devido a uma lei de anistia assinada pelo próprio Batista. Então, foi para o México, onde começou um novo plano para mudar o panorama de Cuba, que tomou forma em torno do Movimento 26 de Julho.
Fidel concretizaria sua marca na história da América Latina seis anos depois do ataque ao Moncada. Durante 25 meses de guerrilha, baixas de soldados e atritos ideológicos com o Partido Comunista, Castro mostrou sua força e conseguiu revolucionar um país de dentro para fora, começando pelo interior e atingindo posteriormente a capital Havana. O primeiro presidente pós-revolução foi o juiz Manuel Urrutia, contudo o magistrado se opôs às reformas mais radicais, como a redistribuição das terras, e logo seu sucessor, Osvaldo Dorticós, atendeu ao chamado do povo cubano e colocou Fidel como líder máximo, posto que ocupa, mesmo que simbolicamente, até hoje.
A relação com os Estados Unidos, desde então, passou a ser hostil. Ainda em 1959, Fidel foi a Nova York na tentativa de se encontrar com o presidente Dwight Eisenhower, mas o líder norte-americano não o recebeu. Olhando da perspectiva política atual, fica claro de quem partiu a ordem de segregar e empobrecer o povo cubano, com diversas formas de embargos e restrições econômicas ao pequeno país.
Em seu aniversário, neste 13 de agosto, Fidel relembrou o embate com os norte-americanos em um emocionante artigo publicado no site Cubadebate. Castro mostra como os Estados Unidos se negaram a ressarcir os países destruídos por sua força armamentista durantes diversos conflitos, incluindo Cuba. “No entanto, devem a Cuba as indenizações equivalentes aos danos que promoveram, que ascendem a milhões de dólares, como denunciou o nosso país com argumentos e dados irreversíveis durante as intervenções nas Nações Unidas”, escreve Castro. Leia o artigo na íntegra:
A realidade e os sonhos*
Escrever é uma forma de ser útil se considerarmos que nossa sofrida humanidade deve ser mais e melhor educada ante a incrível ignorância que envolve a todos, com exceção dos investigadores que buscam, na ciência, uma resposta satisfatória. É uma palavra que implica em poucas letras o seu conteúdo infinito.
Todos ouvimos falar, em nossa juventude, de Einstein e, em especial, do estalo das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que pôs fim à cruel guerra desatada entre Japão e Estados Unidos. Quando aquelas bombas foram lançadas, depois da guerra desatada pelo ataque à base norte-americana em Pearl Harbor, o império japonês já estava vencido. Os Estados Unidos, o país cujo território e indústrias permaneceram alheios à guerra, passaram a ser os mais ricos e mais armados da Terra, frente a um mundo destroçado, repleto de mortos, feridos e famintos. Juntos, a União Soviética e a China perderam 50 mil vidas, somadas a uma enorme destruição material. Quase todo o ouro do mundo foi parar nos cofres dos Estados Unidos. Hoje se calcula que a totalidade do ouro como reserva monetária dessa nação alcança oito mil, 133,5 toneladas. Apesar do ouro, fazendo compromissos como em Bretoon Woods, os Estados Unidos declararam unilateralmente que não honrariam o dever de respaldar a onça Troy com o valor do ouro de sua moeda.
A medida decretada por Nixon violava os compromissos contraídos pelo presidente Franklin Delano Roosevelt. Segundo um grande número de especialistas nessa matéria, assim foram criadas as bases de uma crise que, entre outros destaques, ameaça golpear com força o modelo de economia norte-americano. No entanto, devem a Cuba as indenizações equivalentes aos danos que promoveram., que ascendem a milhões de dólares, como denunciou o nosso país com argumentos e dados irreversíveis durante as intervenções nas Nações Unidas.
Como foi expresso com toda clareza pelo partido e pelo governo de Cuba, em boa vontade e paz entre todos os países desse hemisfério e do conjunto de povos que integram a família humana, e assim contribuir para garantir a sobrevivência de nossa espécie nesse modesto espaço que nos corresponde o universo, não deixaremos nunca de lutar pela paz e pelo bem-estar de todos os seres humanos, sem olharmos para a cor da pele ou o país de origem de cada habitante do planeta, assim como o pleno direito de todos a ter ou não uma crença religiosa.
A igualdade de todos os cidadãos à saúde, à educação, ao trabalho, à alimentação, à segurança, à cultura, à ciência, ao bem-estar, é dizer os mesmos direitos que proclamamos quando iniciamos nossa luta, mais emanem dos nossos sonhos de justiça e igualdade para todos os habitantes do mundo. É o que desejo a todos. Os que comungam das mesmas ideias em todas as partes do mundo, ou ideias superiores, mas que vão na mesma direção, eu os agradeço, queridos compatriotas.
Fidel Castro Ruz
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