Anistia e Sou da Paz pedem rapidez e imparcialidade na investigação de chacina

A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional cobrou nessa sexta-feira (14), em nota, investigações rápidas e imparciais sobre o assassinato de 18 pessoas, ocorrido na noite de quinta-feira (13) nas cidades de Osasco, Barueri e Itapevi, região metropolitana de São Paulo. Sete pessoas ficaram feridas. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) investiga a participação de policiais na chacina, a maior registrada este ano no estado.

“Chacinas como a desta madrugada em São Paulo, infelizmente, têm feito parte da rotina da violência nas nossas cidades. Com frequência, policiais, dentro e fora de serviço, são responsáveis por uma parcela significativa desses homicídios. Uma investigação célere, transparente e imparcial deve ser conduzida imediatamente para que não reste dúvida sobre a autoria e a responsabilidade por essa barbárie”, disse o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque.

Os crimes ocorreram em um raio de 7 quilômetros, entre as 21h e as 23h. O secretário da SSP-SP, Alexandre de Moraes, disse que não descarta a hipótese de retaliação pela morte de um policial militar e um guarda civil metropolitano. O policial foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte) na última sexta-feira (7), em um posto de gasolina em Osasco. Na quarta-feira (12), um guarda civil foi assassinado.

De acordo com a ONG, entre 2013 e 2014, houve aumento de 80% nos casos de mortes decorrentes de intervenção policial no estado paulista. Segundo a Anistia, tais casos raramente são investigados, e a impunidade alimenta o ciclo de violência por parte dos policiais. A ONG destacou que o Brasil é o país com maior número de homicídios no mundo. Foram 56 mil em 2012.  “A maior parte deles não é investigada. Apenas cerca de 8% [das ocorrências são levadas à justiça.”

Número dobrou neste ano

O Instituto Sou Paz também cobrou apuração rápida da chacina e lembrou que ocorrências como esta dobraram no primeiro semestre deste ano na capital paulista. “O comprometimento com o processo investigativo de homicídios é um importante passo, mas não será suficiente se esse movimento tratar o problema como caso isolado. A sociedade precisa conhecer o desfecho desta e de outras investigações de chacinas com a maior brevidade possível”, diz nota divulgada pela ONG.

Para o Sou da Paz, o número de homicídios caiu no estado com a prioridade dada à repressão de grupos de extermínio. O instituto lamentou que dados sobre chacinas não sejam disponibilizados com regularidade no estado e criticou o uso de critério diferentes no governo paulista para a caracterização de um episódio como chacina. “É preciso padronizar esse entenmdimento para que tenhamos o correto diagnóstico do crime e, assim, possamos combatê-lo de modo eficaz”, afirma o instituto.


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