O TAL DO VINHO BIODINÂMICO
É verdade que há bem pouco tempo não se ouvia nada a respeito desse termo, porém a filosofia científica advinda da antroposofia, denominada agricultura biodinâmica, está aí, e vem se desenvolvendo desde a década de 1920, graças ao pedagogo austríaco Rudolf Steiner. Praticada há quase um século, em países como Alemanha e França, os adeptos do biodinamismo buscam uma relação ética com o solo, sempre visando um equilíbrio adequado entre vegetais e animais existentes no terroir, tratando seus vinhedos de maneira homeopática, com preparados de adubos orgânicos, como biofertilizantes e chorumes, para deixá-los fortes, saudáveis e livres de pragas. Na busca de uma qualidade impecável para suas uvas, tem como norte o posicionamento dos planetas como principal fator de influência para seu pleno desenvolvimento.
Não utilizam armas místicas para suas teses e, sim, leis concretas de Física para explicar os conceitos de energia que incidem nessa prática. Resultado: vinhos mais intensos, complexos e saudáveis, pois além dos cuidados citados, um dos preceitos básicos para a técnica biodinâmica é o cultivo orgânico, livre de agrotóxicos e hormônios. Alguns exemplares já são encontrados no Brasil, sendo os mais difundidos os da região do Vale do Loire e da Borgonha, na França. Vale a pena provar os vinhos produzidos pelo produtor Michel Magnien, da Borgonha, pela Maison Chapoutier, região do Languedoc, o chileno Emiliana, além do alemão Dr. Burklin-Wolf. Misticismos à parte, um brinde às estrelas!
O FAMOSO BELLINI!
Com pedigree totalmente italiano, esse coquetel voluptuoso, nasceu na belíssima cidade de Veneza, mais exatamente atrás do balcão do tradicional Harry’s Bar, pelas mãos de Giuseppe Cipriani. Originalmente, levava em sua receita um pouco de suco de framboesa ou cereja, para dar um leve toque avermelhado à preparação, e fazer referência a Giovanni Bellini – artista veneziano do século XV que apresentava em uma de suas pinturas um manto de um santo com a mesma coloração do coquetel. Porém, as estrelas desse drinque são o espumante Prosecco (e para ser Prosecco deve ter origem Veneta), e os deliciosos pêssegos brancos. Devido à sazonalidade da fruta, existem algumas variações do Bellini, porém nenhuma se compara à original, quando se faz um purê dos pêssegos, mantendo uma doçura delicada da fruta, adiciona-se o Prosecco com seus singelos aromas florais, servido em uma bela taça flûte, adequada para espumantes. O Bellini arrebatou paladares mundo afora, de Orson Welles a Ernest Hemingway com suas nuances de frutas delicadas, frescor e textura única.
COMIDA E BEBIDA
Quando se fala sobre harmonização e qual seria a melhor bebida para determinados acompanhamentos de pratos, existe algo importante além de afinidades de aroma, acidez, sensações tânicas, corpo e untuosidade: a graduação alcoólica da bebida escolhida. Até meados dos anos 1990 em restaurantes aqui no Brasil, era muito comum ver os comensais apreciarem seus pratos com uma garrafa de whisky na mesa, isso antes da explosão do vinho no País. Para alguns pratos com preparação específica, como defumados, a combinação com destilados pode até funcionar, mas em geral o álcool acaba sobrando e passando por cima dos outros sabores. Outro exemplo intrigante é o de combinações feitas com pratos mais carregados na pimenta. Devido à substância capsaicina, aquela que provoca ardência, é muito difícil harmonizar bebidas com graduação alcoólica superior a 7% alc./vol., pois o álcool potencializa a ardência e o calor na boca. Nesse caso, é melhor a cerveja, mas sempre atento à graduação alcoólica. A harmonização é um estudo complexo e divertido e, além das teorias, nunca se esqueça do gosto pessoal, é ele que vai deixar tudo ainda mais saboroso.

*Gabriela Monteleone é graduada em Gastronomia, com especialização em Enogastronomia, e maître-sommelier do restaurante Gero, em São Paulo


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